07 de setembro de 2024
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MENSAGENS REVELAM

Delator diz à Lava Jato ter lavado dinheiro para Grupo Silvio Santos

Lava Jato tem as informações desde 2017, mas nada foi divulgado

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A Vaza Jato presta nesta manhã (29) serviço de esclarecimento e justiça ao povo brasileiro, isso porquê conforme conversas entre procuradores do Ministério Público Federal no aplicativo Telegram, divulgadas pelo The Intercept em parceria com a Folha de São Paulo, o sobrinho de Silvio Santos, Daniel Abravanel foi citado na delação de Adir Assad com a Lava Jato. O sobrinho do empresário, dono do CANAL de TV, Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), teria participado de esquema corrupto usando a TeleSena, revelou a Folha. 

Conforme depoimento de Adir Assad, o esquema aconteceu entre os anos de 1990 e 2000, na época foram apontados a existência de contratos superfaturados de patrocínios entre suas empresas e pilotos de Fórmula Indy e da categoria Indy Lights. O atual presidente do Grupo Silvio Santos, Guilherme Stoliar, foi citado por Assad como uma ponte para o contato.

De acordo com o delator, ele [Adir] não sabia qual a finalidade do caixa paralelo e acredita que o grupo movimentou R$ 10 milhões com as operações. 

Ainda segundo Adir, os pilotos não sabiam do esquema. “Apenas viabilizavam espaços de publicidade”. Entre os citados, estão nomes como Helio Castroneves e Tony Kanaan.

A delação de Adir, foi reforçada pela delação de seu irmão Samir Assad, ele também colaborou com a Lava Jato. Conforme eles, a primeira fase dos contratos foi no final de 1990, mas houve uma segunda fase de contratos fraudulentos, já no ano 2000. Dessa vez a operação envolveu contratos de imagem e patrocínio na Fórmula Truck. A fraude consistia em transferir aos esportistas uma pequena parte dos valores contratados e devolver o restante do dinheiro ao SBT.

Durante delação Adir revelou que a maior parte do dinheiro era devolvida em espécie a um diretor financeiro conhecido apenas como “Vilmar”. Os envolvidos entregavam a quantia devolvida no escritório do SBT em São Paulo. Conforme apuração da Folha, o diretor financeiro das empresas de Silvio Santos à época era Vilmar Bernardes da Costa.

Essa segunda fase, afirma Assad, foi tratada com o sobrinho de Silvio, Daniel Abravanel, e com o pai dele, Henrique Abravanel, irmão de Silvio.

TELE SENA

Na delação, Assad também cita a empresa Liderança Capitalização, empresa responsável pela Tele Sena. Segundo ele, a Liderança pagou ao menos R$ 19 milhões para uma de suas firmas, a Rock Star, entre os anos de 2006 e 2011.

As acusações envolvendo o Grupo Silvio Santos foram incluídas na versão final do acordo de colaboração do operador, firmado em 2017 e homologado na Justiça. Cabe à Justiça Federal de São Paulo, eventualmente, autorizar medidas de investigação sobre o assunto. Detalhes do caso e da apuração permanecem sob sigilo até hoje. 

COMO FUNCIONAVA

O modelo de lavagem por meio do automobilismo relatado por Assad segue o esquema já revelado por outros delatores da Lava Jato desde 2014, como empreiteiros da UTC e Carioca Engenharia.

Na delação, o operador afirma que uma das fontes de geração de dinheiro a atuação na categoria Stock Car. Segundo ele, uma empresa sua, intermediária entre competidores da Stock Car e patrocinadores, comprava espaços de exposição de publicidade nos eventos e organizava ações promocionais nas corridas.

As quantias declaradas nas notas fiscais, porém, eram superiores aos valores de fato dos patrocínios. Sem citar especificamente o caso do Grupo Silvio Santos, o delator afirma que, do valor cobrados dos patrocinadores, 10% eram serviços efetivamente prestados, 10% eram sua comissão e os 80% eram sacados e devolvidos à grandes empresas.

Na Lava Jato, Assad foi preso em 2015 e, desde então, já foi condenado em quatro ações no Paraná e no Rio por crimes como lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Seu acordo de delação previa o pagamento de multa de R$ 50 milhões, juntamente com o irmão Samir e com um auxiliar. Ele deixou a cadeia em outubro de 2018 depois de três anos detido, e hoje é obrigado a ficar em casa à noite e nos fins de semana.

OUTROS LADOS

Procurados pela reportagem da Folha, o SBT e o Grupo Silvio Santos afirmaram, em uma nota, que, "por desconhecerem o teor da delação" de Adir Assad, não podem se manifestar a respeito.

"Aproveitamos para enfatizar que as empresas do GSS sempre pautaram suas condutas pelas melhores práticas de governança e dentro dos estritos princípios legais."

A reportagem também procurou a defesa de Vilmar Bernardes da Costa, que afirmou que não pode se manifestar "sobre suposta delação sobre a qual não tem qualquer informação oficial" e que sempre pautou sua "conduta profissional pelo estrito cumprimento de seus deveres éticos e legais".

Os advogados de Adir Assad não comentam os termos do acordo de colaboração do operador.

Helio Castroneves, por meio de sua assessoria, disse apenas que não conhece Assad e que nunca teve qualquer negócio com o delator. A assessoria de Tony Kanaan não retornou o contato.

Fonte: *Yahoo.