Na noite de 30 de outubro de 2023, várias pessoas comemoravam em Cafezal do Sul (PR) a vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da disputa presidencial. A comemoração foi interrompida por um homem que chegou atirando a esmo. Os disparos feriram mortalmente Rosineide da Silva e José Wellington Lima Barros.
O episódio, por seus desdobramentos, é um dos espelhos para os aloprados que radicalizam paixões políticas e não aceitam pacificamente as escolhas contrárias.
Erick Hiromi Dias, o atirador, era bolsonarista, estava inconformado com a derrota de seu candidato e não suportou assistir o animado festejo dos adversários. Depois de atirar, ele fugiu, porém foi preso em outra cidade no dia seguinte. Na terça-feira passada, um ano e dois meses depois do duplo homicídio, Dias foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Paraná a 51 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado.
PERDÃO
No julgamento, Dias confessou os crimes e ainda pediu perdão aos familiares das vítimas. "Sei que errei e mereço ser condenado. Me lembro de pouquíssimas coisas daquele dia. Há um tempo atrás, eu me arrependi de não ter conseguido tirar minha vida naquele dia. Eu aceito, por conta de meu arrependimento, passar por toda cadeia que tenho que passar", disse.
O Ministério Público informou que o homicida ele tinha registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC), um certificado que é dado para quem compra e utiliza armas de fogo em atividades legais, sob condições que não ponham em risco a vida de outras pessoas. Os sócios dos CACs de todo país foram os grandes beneficiados no governo Bolsonaro pela ampla abertura dada à venda e à posse de armas.
CASO GUARANHO
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Também no Paraná outro sangrento episódio produzido pelo extremismo da era bolsonarista chocou o País. Foi no dia 09 de julho de 2022, em Foz do Iguaçu (PR), quando um policial penal, Jorge José da Rocha Guaranho, matou a tiros o tesoureiro do PT e Guarda Municipal de Medianeira (PR), Marcelo Aloizio de Arruda. O petista comemorava em casa seu aniversário com decoração no bolo e na casa em homenagem a Lula.
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Guaranho chegou atirando e acertou Arruda, que caiu e mesmo assim revidou e baleou o agressor. Ambos foram hospitalizados. Marcelo Arruda não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte. Guaranho sobreviveu e ficou um mês internado no hospital, já com ordem de prisão. O julgamento por júri popular seria em dezembro, mas foi transferido para 04 de abril deste ano.
O adiamento foi requerido pela defesa, alegando ter sido surpreendida com a inclusão de um laudo pericial nos autos. O laudo veio do celular de Claudinei Coco Esquarcini, que era o responsável por liberar as senhas de acesso às imagens das câmeras de segurança do local onde ocorreu a festa de aniversário. Descobriu-se que trechos das imagens foram apagados dois dias depois do crime. Uma semana depois, no dia 11 de julho, Esquarcini cometeu suicídio.