Realizar uma gestão democrática e participativa está entre as promessas mais comuns nos discursos de campanhas eleitorais. No entanto, cumprir essa promessa é uma tarefa para poucas e qualificadas lideranças, que não necessariamente precisam ser experientes ou possuir currículos rebuscados. O fundamental, acima de tudo, é ter humildade para entender que não se governa sozinho e que a prova de competência começa na escolha da equipe encarregada de fazer a governança.
A prefeita Adriane Lopes (PP) foi reeleita porque soube, entre outras coisas, fazer a leitura adequada do sentimento campo-grandense, evitando a demagogia barata, trabalhando sem medo de ousar e tendo a coragem de restabelecer a saúde de uma prefeitura que encontrou desorganizada e sem fôlego, pressionada por dívidas e demandas acumuladas. Para atravessar este furacão, fez escolhas cuidadosas para o primeiro mandato e repetiu a dose ao ser reeleita.
O segundo mandato de Adriane Lopes começou de fato logo após o 1º turno, quando já podia perceber e aquilatar a força de sua campanha no seio do eleitorado. Não cantou vitória antes do tempo, mas passou a avaliar as principais expectativas da sociedade e o que poderia oferecer para atendê-las. Concluiu que uma das emergências seria fortalecer, ao máximo, a presença do povo em sua gestão. Levou adiante então, após a contagem final dos votos, uma ideia que já acariciava há tempos, e criou a Secretaria Especial de Articulação Regional.
Era o primeiro passo de mais uma decisão inovadora da prefeita. O segundo, neste contexto, foi encontrar o nome certo para responder pela pasta. Adriane provou sensibilidade e inteligência. Convocou Darci Caldo, 52, que já era seu assessor especial e de quem conhecia bem a folha de serviços. Profissional formado em Gestão Pública, com especialização em Gerência de Cidades e atuante em movimentos sociais, Darci já assessorou lideranças parlamentares e executivas, com experiência nos ambientes de articulação e diálogo.
GRANDE DESAFIO
Darci Caldo reconhece: é ao mesmo tempo desafiador e estimulante o leque de responsabilidades inerentes ao cargo. “Trata-se não apenas de uma incumbência administrativa ou operacional. É uma missão movida por conceitos de gestão democrática, de envolvimentos positivos com a sociedade, de afirmação de valores e princípios saudáveis. É a política em seu melhor e mais amplo sentido no propósito de servir ao bem comum e ao poder popular, e não servir-se dele”, define.
Como se pode notar, o secretário está coberto de razão, afinado com o pensamento e os objetivos da prefeita. A gestão democrática e popular é, dessa forma, uma condição possível de governar e decidir sem errar. “Só precisa ser construída, lapidada e fortalecida, porque já tem a legitimação soberana das urnas”, enfatiza. Assim, Adriane estruturou a secretaria para cobrir presencialmente sete regiões urbanas, com coordenação comunitária e outros suportes sociais, entre os quais um serviço que cuidará do bem-estar animal.
Sem interferir na autonomia das entidades e lideranças comunitárias, a secretaria vai trabalhar com uma detalhada radiografia socioeconômica dos bairros, incentivar e preparar os interlocutores de cada comunidade. Vai oferecer sugestões aos vereadores e órgãos que cuidam de questões como expansão imobiliária e comercial, sustentabilidade, transporte, fomento ao turismo, saúde, educação, lazer, esporte, tecnologia digital, empregos e, principalmente, revitalizar a importância e a força dos diversos conselhos municipais.
PAPEL TÉCNICO
É essencial esclarecer, segundo Darci, que essas intervenções se limitam ao papel técnico e operacional da prefeitura e não se estendem às questões políticas ou próprias do ambiente comunitário e da sociedade civil. De questões simples, como as tarefas educativas e de conscientização sobre limpeza e vacinação, até a definição de projetos de urbanização, as intervenções do governo de Adriane Lopes são feitas no sistema da transversalidade. Ou seja, as iniciativas do poder público municipal são compartilhadas, direta ou indiretamente, entre todas as secretarias.
“É assim que se garante a unicidade na execução e a fidelidade às diretrizes conceituais. A prefeita afirmou e reafirmou isso na campanha, ela quer uma gestão que dialogue o tempo todo com os campo-grandenses, que ouça a voz de cada habitante, sobretudo os de lugares mais longínquos”, diz Darci Caldo.
Ele se inspira em exemplos de sucesso que marcam administrações vitoriosas nas melhores cidades do Brasil e da Europa, salientando que Campo Grande está avançando para recuperar e aprimorar ainda mais seu status de crescimento econômico e urbano com justiça social. “Em síntese, posso afirmar que este modelo é inovador, não é uma novidade, porque está disponível ao Homem desde os primórdios. O que acontece é que hoje, geralmente, gestão participativa é mais no discurso. Aqui na Capital é diferente, aqui se pratica.”