23 de novembro de 2024
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FAMÍLIA BILHONÁRIA

Clã Bolsonaro negociou 51 imóveis em dinheiro vivo e 26 'não se sabe como compraram'

Até a mãe de Bolsonaro, Olinda, falecida em janeiro deste ano, teve os dois únicos imóveis adquiridos em seu nome quitados em espécie

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Irmãos, filhos, ex-esposas e a atual de Jair Bolsonaro negociaram 107 imóveis e 51 destes foram pagos em dinheiro vivo. O levantamento é do UOL. Veja a reportagem em vídeo acima. 

De acordo com o site, desde 1990 o ‘clã Bolsonaro’ – como são chamados o presidente e seus familiares – negociaram em valores corrigidos pelo IPCA, R$ 25,6 milhões, que pode ser superior já que não se sabe a forma de pagamento de ao menos 26 imóveis.

O levantamento considera o patrimônio construído no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo presidente.

Ao menos 25 imóveis foram comprados em situação que geraram suspeitas do Ministério Público no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Parte das investigações se deu pela possibilidade de ter havido “rachadinha”, modalidade popularizada pelas acusações ligadas a prática desse tipo de crime nos gabinetes dos filhos e de Jair Bolsonaro, quando deputado. A figura mais conhecida que seria pivô desse esquema é Fabrício Queiroz, aliado antigo dos bolsonaros.

Tanto o senador Flávio Bolsonaro como o vereador Carlos Bolsonaro e a ex-mulher de Jair, Ana Cristina Siqueira Valle são investigados sob suspeita de envolvimento com o repasse ilegal de salários dos funcionários de gabinetes. Só nos casos dos 25 imóveis investigados, o valor corrigido é de R$ 22,6 milhões.

Um caso que chama a atenção é a de uma casa no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, epicentro da investigação do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Era lá que o PM Ronnie Lessa, acusado de matá-la, vivia. O presidente comprou a casa por R$ 409 mil quando ela era avaliada em R$ 1 milhão. Quatro meses antes, o mesmo imóvel havia sido vendido à proprietária anterior com redução de 31%. O caso chegou a ser apurado de forma preliminar pela Procuradoria-Geral da República, mas acabou arquivado.

Ao ser questionado nesta terça-feira (30.ago.22) sobre a preferência dos bolsonaros por comprar imóveis em espécie, Bolsonaro se irritou:  "Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria... Qual é o problema?", disse o presidente após participar de uma sabatina promovida pela União Nacional do Comércio e dos Serviços. "O que eu tenho a ver com o negócio deles?", afirmou sobre os filhos e a familiares que moram no Vale do Ribeira (SP).

O UOL disse que nos últimos sete meses, consultou 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de imóveis e registros de escritura em 16 municípios, 14 deles no estado de São Paulo. Percorreu pessoalmente 12 cidades para checar endereços e a destinação dada aos imóveis, além de consultar processos judiciais.

Até a mãe de Bolsonaro, Olinda, falecida em janeiro deste ano, aos 94 anos, teve os dois únicos imóveis adquiridos em seu nome quitados em espécie, em 2008 e 2009, em Miracatu, no interior de São Paulo. Entre os imóveis comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas diversas. O gráfico: 

Atualmente o Senado Federal discute projeto de lei que sugere a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias, como forma de prevenir operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

PATRIMÔNIO POLÍTICO 

Desde a chegada de Bolsonaro à política como parlamentar, no início dos anos 1990, o patrimônio se multiplicou em seus diferentes núcleos familiares — tanto o que abarca seus filhos, no Rio e em Brasília, como aquele que envolve seus irmãos, no interior de São Paulo, em especial em cidades do Vale do Ribeira, região mais pobre do estado.

Até 1999, a família havia adquirido 12 imóveis. Nos anos seguintes, uma parte seria vendida, outra comprada. Em 2022, a família seguia proprietária de 56 dos 107 imóveis transacionados nas últimas décadas.

Até o fim dos anos 90, o gasto com imóveis somava R$ 567,5 mil (R$ 1,9 milhão em valores atualizados). Os 56 endereços que seguem registrados, nos dias atuais, em nome da família custaram R$ 18,8 milhões (ou R$ 26,2 milhões, corrigidos pelo IPCA).

Desde 2018, os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, além de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro, são investigados por suspeita de envolvimento com o repasse ilegal de salários dos funcionários de gabinetes. Os assessores, grande parte funcionários fantasmas, sacavam em espécie os salários e entregavam a operadores cerca de 90% do total recebido. As investigações sobre Flávio no MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) descobriram que, posteriormente, esses valores eram "lavados" com compras de imóveis.

Parte de provas produzidas durante a apuração foram anuladas recentemente, mas as investigações continuam em curso. No caso de Carlos, o sigilo bancário foi quebrado por indícios semelhantes. No ano passado, uma série de reportagens do UOL revelou que quatro funcionários do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro sacaram mais de 72% dos salários em espécie. Meses depois, o podcast do UOL "A Vida Secreta de Jair" revelou uma gravação em que Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, ex-mulher de Bolsonaro, diz que Bolsonaro sabia do esquema e demitiu o então cunhado, André, por não entregar o salário. "O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo', dizia Andrea na gravação.

Veja essa reportagem original completa no UOL clicando AQUI. 

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