O vereador Chiquinho Telles (PSD) ocupou a tribuna da Câmara nesta conturbada manhã de terça-feira (26) para demonstrar seu “estranhamento” com a posição dos vereadores que pediram a instauração de uma Comissão Processante que deverá investigar seis denúncias contra o prefeito Gilmar Olarte. Por boa sorte do vereador, sua fala se deu após a saída dos professores que lotavam o plenário cobrando dos vereadores parceria em sua luta para que o prefeito cumpra a Lei que ele mesmo assinou, e que garantiria aos professores o piso nacional previsto em Lei Federal.
Já na semana anterior, Chiquinho Telles havia dito em aparte, que estranhava a possibilidade de se instaurar uma Comissão Processante quando havia sido aberta uma CPI. O presidente da Câmara, Mario Cesar (PMDB), que na ocasião presidia os trabalhos, esclareceu que não havia incoerência ou impedimento, uma vez que são coisas distintas.
Contrariando o que a própria Câmara de Vereadores vem denunciando, ou seja, que apesar de todo o esforço daquela Casa em permitir condições de governabilidade ao prefeito Gilmar Olarte (PP por liminar), tem sido rechaçada por este, o Telles disse que Olarte tem buscado atender de todas as formas os pedidos dos vereadores e tem feito esforços para resolver uma situação que herdou do prefeito cassado Alcides Bernal.
“Bernal armou um circo e deixou nas mãos do Olarte. Não entendo porque a pressa em fazer a Comissão Processante, parece que é do time dos que acreditam que quanto pior, melhor. Cassar Olarte não vai resolver o problema, ou vocês acham que aquele que vier a assumir vai conseguir resolver os problemas dos professores, dos médicos, da falta de merenda?” disse Telles.
Carla Stephanini (PMDB) e Eduardo Romero (PTdoB) ainda tentaram em aparte, de forma didática, esclarecer ao vereador o que Mario Cesar já havia explicado. Carla enfatizou que a Comissão Processante não é um veredicto final que se antecipe ao julgamento, mas uma oportunidade para que Olarte possa se defender. “Essa casa não pode deixar de exercer sua função fiscalizadora. Há fundamento para a instalação de uma Comissão Processante”, disse a vereadora.
“Não existe interferência entre a CPI do Orçamento, que analisa as finanças públicas e a Comissão Processante que aborta seis outros pontos, inclusive o descumprimento de Leis por parte do Executivo municipal”, explicou Romero.
A defesa do requerimento feita pela vereadora Luiza Ribeiro chegou a irritar o vereador que reagiu de forma agressiva, chegando a tentar intimidá-la com supostos problemas havidos na Fundação Social do Trabalho (Funsat) durante a administração de Aldo Donizete (PPS) à época do governo de Alcides Bernal.
Lógica de Bastidores
A posição de Chiquinho Telles dá veracidade aos boatos que correm nos bastidores da Câmara, de que vereadores ligados à família Trad, entre eles o próprio Chiquinho Telles, irão trabalhar para que Olarte se mantenha no comando do executivo, temerosos de que com sua queda e consequente posse de Mario Cesar (PMDB) a eleição de Marquinhos Trad para a prefeitura nas eleições de 2016 ficaria irremediavelmente comprometida.
PSD e o clã Trad
Como as negociações com o PTB vêm enfrentando dificuldades em assumir um acordo que implicaria em “compra” do partido, o clã Trad tem analisado com carinho a proposta de assumir o comando do PSD, em substituição ao empresário e ex-candidato ao senado, Antônio João. O ex-deputado federal Fábio Trad assumiria a presidência regional da legenda, traria o ex-prefeito e irmão Nelsinho Trad e, caso consiga na Justiça manter seu mandato, Marquinho Trad também se transferiria para o PSD na condição de candidato à prefeitura da Capital nas eleições de 2016.