Não resta mais tempo de espera para que o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) consiga ligar as turbinas da candidatura ao governo. Sua aeronave perdeu tempo demais no hangar da sucessão estadual enquanto aguardava a solução do PT para a aliança com o senador Delcídio Amaral. Se a cúpula petista insistir na objeção ao inusitado “casamento”, esta semana será para Azambuja como foi o “Dia D” da segunda guerra mundial. E o parlamentar tucano tem ciência de que qualquer decisão que tomar deverá estar preparado a caráter para uma grande e imprevisível guerra.As circunstâncias políticas e as necessidades operacionais empurram Azambuja para um nicho onde não conta o limite dos prazos convencionais para homologação de candidaturas. Se quiser ingressar na disputa como concorrente competitivo, Azambuja precisa entender que, no seu caso, junho é maio ou julho. A lei eleitoral define, em seu artigo 10, que os partidos têm até 30 de junho para homologar seus candidatos em convenções específicas e até cinco de julho para registrá-los no foro competente.RISCO - Esperar pelo mês ou pelo dia fatal pode sr arriscado demais para quem pretende sair de um mandato confortável e de reeleição tranquila e aventurar-se numa disputa majoritária sem o calço adequado, sobretudo em estrutura financeira para bancar dois sorvedouros de recursos: um, o da própria campanha, e outro, o da campanha dos aliados, boa parte deles tradicionalmente insaciável.Para Azambuja, o melhor seria a composição com Delcídio Amaral. O petista, favorito na disputa, ganharia um reforço em dose dupla: além dos votos que possui, e são muitos, o tucano fora do páreo contribuiria decisivamente para a amplificação e a massificação da chapa nos diversos recantos eleitorais, sociais e ideológicos de Mato Grosso do Sul. Em troca, o PT alargaria para Azambuja as chances de conquistar uma vaga no Senado – exatamente a parte do custo-benefício dessa aliança que o Planalto e a direção do PT repudia.Sem o PT de Delcídio, restam a Azambuja no arco estreito de possíveis alianças ou tentativas – e num tempo extremamente exíguo – o PMDB de André Puccinelli, que além de desafeto já fechou a chapa pura com Nelsinho Trad (governador) e Simone Tebet (senadora); o PSB de Murilo Zauith (o prefeito douradense, irritado com a demora de Azambuja, desabafou há pouco que já não acredita mais em conversas de alguns políticos); o PDT de Leite Schimidt e Dagoberto Nogueira, em princípio compromissado com o PT, mas ao alcance dos peemedebistas; e o PR de Londres Machado, transitando entre Delcídio e Nelsinho Trad, com indisfarçada preferência pelo petista.Depois da performance espetacular nas eleições municipais de Campo Grande, quando fustigou o segundo colocado, Edson Giroto (PMDB) e quase o tirou do segundo turno, Azambuja fincou de vez seus pés no primeiro plano da política regional. Saiu aquela eleição cacifado para disputar caros majoritários em 2014 (governador ou senador) e em 2016 (prefeito da capital). Mas os ponteiros do relógio acompanham o tempo e o tempo não para. Azambuja terá de provar agora que o partido não se espelha no perfil do tucano, uma ave de bico longo, asas pesadas e vôo curto.PRESSA – Embora ciente da embaraçosa situação que protagoniza, Reinaldo Azambuja ainda mantém as opções de amanhecer esta semana pré-candidato assumido ao Governo ou receber a melhor notícia (para si) de uma solução petista para disputar o senado como aliado de Delcídio. A última hipótese é cada vez mais remota, mas se vingar só restaria outro problema para o avanço de Azambuja – um problema chamado Simone Tebet, que tem apoio total de Puccinelli e terá toda a máquina a favor de sua caminhada. Vale frisar: só há uma vaga em disputa para o Senado em Mato Grosso do Sul. Simples, então.
Edson Moraes, especial para MS Notícias