Até mesmo as moscas que pacientemente observavam a reunião que deveria ser pacífica e determinante para os rumos políticos do clã Trad em Campo Grande, voaram esbaforidas e temerosas dos rumos que a discussão tomou e contrapôs o ex-prefeito Nelsinho e o deputado estadual Marquinhos. Sobreviventes, ilesas, puderam contar o caso que já se espalhou entre o meio político e aferventou ainda mais a pouca coesão peemedebista.
Conforme noticiou o MS Notícias na terça-feira (9), o clã Trad composto pelo vereador Otávio Trad (sobrinho) e os irmãos Nelsinho, Fábio e Marquinhos, reuniu-se para avaliar o horizonte político e traçar estratégias tanto para assumirem o comando de outro partido, e tudo indicava que a seara tranquila os levaria para o PSD do demissionário Antônio João, empresário e ex-candidato ao Senado, uma vez que a fusão PTB/DEM esfriou após a não-reforma política. O martelo que parecia ter batido encerrando o destino político de Marquinhos, foi lançado ao longe a partir do resultado de pesquisas.
Dois fatos apontados por essa pesquisa foram relevantes para o caminhar na estrada tranquila encontrasse uma bifurcação: O primeiro e mais relevante foram os números que apontam a preferência da população pelo retorno de Nelsinho ao cargo de prefeito da Capital, à frente de Marquinhos; o segundo, a falta de confiança destes mesmos pesquisados na capacidade administrativa do deputado estadual, considerado ‘muito novo e inexperiente’.
Fosse uma discussão partidária, os oponentes iriam se compor, mas a rodada de negociações era familiar. E, não sendo uma família de descendência italiana, ou brasileira, não terminou em pizza.
O elo mais fraco da corrente, se antes lutava com a incerteza da mudança de partido, porque no PMDB não tem a preferência do cacique mor, ex-governador André Puccinelli e seu grupo, agora luta também com a incerteza de ficar sem cargo, e assumir o papel de coadjuvante numa jornada de incertezas.
Não bastasse isso, agora ao clã resta definir que poderá acontecer caso a família siga dividida. Nelsinho, o mais velho, preferido nas pesquisas feitas nesse momento de instabilidade política, porém com telhado de vidro parcialmente destruído pelas pedradas recebidas dos tribunais, dos adversários e dos amigos descontentes; do outro um político em ascensão, mas que tem como único trunfo uma guerra contra a Enersul e sua política de tarifas, que foi alijado da CPI da qual foi o mentor, e na qual o eleitor não confia por acreditar que é “pouco preparado”.
Resta saber se existirão tantos partidos e tantos eleitores para que, depois de contados os votos, ambos não percam e fiquem, a cada dia, mais distanciados do poder. O sereno a que serão relegados pode e costuma causar a morte.