Em conversa com o ex-militar Aílton Barro, quando Jair Bolsonaro perdeu a disputa eleitoral em 2022, Braga Netto chamou o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de "cagão", por o superior não aderir à um golpe de estado que Bolsonaro e seus mais chegados estavam tramando. A narrativas golpistas culmirama no 8 de janeiro de 2023, destruição do patrimônio público por vândalos bolsonaristas.
As conversas de Braga Betto e Barros foram divulgadas nesta 5ª feira (8.fev.24), numa expedição de mandados de buscas apreensão e prisões autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes à Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Tempus Veritatis.
- Veja aqui quem são os presos e demais alvos da Tempus Veritates.
- Tudo sobre o 8 de janeiro no MS Notícias.
Após falhar a quartelada dos bolsonaristas, irritado, Braga Netto enviou mensagens à Barros que foram recuperadas. Numa delas, o general reclama: "Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente'. Em resposta, AILTON BARROS sugere continuar a pressionar o General FREIRE GOMES e caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado afirmou 'vamos oferecer a cabeça dele aos leões'. O investigado BRAGA NETTO concorda e dá a ordem: 'Oferece a cabeça dele. Cagão'. Eis as ,mensagens:

"Conversas do aplicativo WhatsApp, extraídas do telefone celular de AILTON BARROS, evidenciaram a participação e adesão do investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO na tentativa de golpe de Estado, com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal (fls. 191-195)", diz a peça judicial da Operação Tempus Veritatis.
Vamos lembrar que foi justamente a caserna que salvou Braga Netto de ira para a prisão durante manifestações em tons golpistas durante o governo Bolsonaro. Durante as investigações das Comissões Parlamentares de Inquérito (Pandemia) e de outras diversas investigações ao longo dos últimos anos, as quais o militar sempre se livrava com apoio dos fardados.
Agora, ao quebrar a hierarquia, Braga Netto estará sozinho. Portanto, a prisão do general virou uma questão de quando e não mais de “e se…”.
Como mostramos mais cedo aqui no MS Notícias, para efetivar o golpe de estado, Jair Bolsonaro dividiu os aliados em 6 núcleos. Braga Netto integrava o "Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado". Segundo a autoridade policial, além dele, foram escalados para integrar esse núcleo: Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid. Eles teriam se concentrado na escolha de alvos, para a amplificação de ataques pessoais direcionados a militares em posição de comando, que resistiam às investidas golpistas, em coordenação de condutas que identificam o núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado. Para tanto, os elementos coligidos apontam que os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e por meio de influenciadores em posição de destaque perante a audiência militar. Eis a íntegra da investigação.
OPERAÇÃO TEMPUS VERITATIS
Como mostramos aqui no MS Notícias, a PF cumpre nesta 5ª feira (8.fev.24), ao menos 33 buscas em dez estados contra generais, coroneis, assessores, aliados políticos e contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Foram presos até o início desta noite de quinta-feira (8.fev.24) os seguintes suspeitos:
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL (leia aqui):
- Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
- Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;
- O coronel do Exército Brasileiro, Bernardo Romão Corrêa Neto (leia aqui).
O STF também autorizou mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar contra os seguintes alvos:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL – partido pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição;
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
- General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio";
- Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
- Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército.
- Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Amauri Feres Saad;
- Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
- Cleverson Ney Magalhães;
- Eder Lindsay Magalhães Balbino;
- Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
- José Eduardo de Oliveira e Silva;
- Laércio Virgílio;
- Mario Fernandes;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.
O grupo de golpistas foram delatados por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que está preso e fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF).
As diligências integram a nova fase das investigações que miram o gabinete do ódio durante o governo
do ex-presidente.
A operação foi chamada de "Tempus Veritatis", que siguinifica: "hora da verdade", em latim.