Jair Bolsonaro (sem partido) está desepserado como o crescimento de Lula, claramente nesse momento o presidente eleito em 2022.
Sob a pressão dos depoimentos prestados à CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seguiu o roteiro de radicalizar o discurso em sua live da noite desta quinta-feira (20. maio). Porém, nada pode ser levado a sério já que Eduardo Pazuello disse à CPI que Bolsonaro usa as redes sociais para mentir aos seus eleitores, de modo a deixá-los felizes com ofensas e alegações contra outros sem prova. A pequena parcela que segue acenando para Bolsonaro são os chamados radicais.
Ontem, já no início da transmissão, Bolsonaro reagiu a uma entrevista de FHC ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. Nela, o tucano disse que votaria em Lula em segundo turno contra Bolsonaro.
Ao abordar o assunto, Bolsonaro lembrou que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu uma fazenda da família de FHC no interior de Minas Gerais, em 2002. O atual presidente disse, em tom de ironia, que tinha vontade de financiar uma nova invasão.
"O campo não podia mais continuar em guerra como vimos até antes do governo [Michel] Temer [2016-2018]. O próprio PT, no governo Lula e Dilma, foi recordistas [sic] em invasões de terra. Até no governo FHC também existia isso. Até teve uma passagem bastante notória naquele momento que invadiram a fazenda do Fernando Henrique Cardoso. Esse FHC que está dizendo agora que vai votar no Lula. Olha a cara de pau. Esse cara de pau FHC dizendo que agora vai votar no Lula. Dá uma vontade de soltar um dinheirinho para o MST da região da fazenda do FHC para o pessoal invadir de novo lá, quem sabe ele aprenda", disse Bolsonaro, alegrando o grupo radical que ainda o segue.
Bolsonaro referiu-se a Lula como "ladrão de nove dedos" e disse que "onde tem PT, tem roubo", mas os xingamentos também envolveram outras pessoas.
O presidente da República chamou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) de "comunista gordo" e atacou também integrantes da CPI da Covid, citando nominalmente os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, Humberto Costa (PT-PE), Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM).
Dino respondeu, num twitter onde diz a verdade aos eleitores, diferente de Bolsonaro, que o ministro já assumiu que Bolsonaro diz mentiras para agradar o eleitorado.
Bolsonaro anda preocupado com o meu peso, algo bem estranho e dispensável. Tenho ótima saúde física e mental. E estou ocupado com vacinas, pessoas doentes, medidas sociais, coisas sérias. Trabalho muito. Não tenho tempo para molecagens, cercadinhos e passeios com dinheiro público
— Flávio Dino (@FlavioDino) May 21, 2021
"Aquele pessoal que acompanha o relator integra uma verdadeira súcia", afirmou Bolsonaro, mencionando a palavra que define uma reunião de pessoas de má índole ou de má fama ou, como disse Bolsonaro, o coletivo de vagabundos. O presidente também se referiu a senadores como jumentos.
No contexto da CPI, elogiou apenas o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que, em dois dias de depoimentos, distorceu informações e reforçou omissão do governo federal na crise da falta de oxigênio em Manaus.
"Pelo que fiquei sabendo agora, o Pazuello foi muito bem. Mas a CPI continua sendo um vexame nacional. Não querem investigar o desvio de recurso. Querem falar sobre -não vou falar o nome aqui para não cair a live- aquele negócio que o pessoal usa para combater a malária e eu usei lá atrás", disse Bolsonaro em menção à cloroquina.
Temendo sanções das empresas de redes sociais por estar promovendo um remédio sem comprovação científica de eficácia para a Covid, Bolsonaro não falou o nome da droga e, em alguns momentos, referiu-se ao medicamento como "o que eu ofereci à ema".
Bolsonaro, então, revelou que, apesar de andar sem máscara e seguir promovendo aglomeração, voltou a ter sintomas da doença.
"Tomei aquele negócio para combater a malária e, no dia seguinte, estava bom. E vou dizer mais: há poucos dias, estava sentindo mal e, antes mesmo de procurar o médico, -olha só que exemplo que eu estou dando- eu tomei depois aquele remédio, que estava com sintoma. Tomei, fiz exame, não estava [infectado]. Mas, por precaução, tomei. Qual o problema? Eu vou esperar sentir falta de ar para procurar um hospital?", disse Bolsonaro.
Na transmissão, Bolsonaro também defendeu o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de uma operação da Polícia Federal na quarta-feira (19. maio) com objetivo de apurar suspeitas de crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando que teriam sido praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
"Realmente, o Brasil é um país complicado, bastante complicado", disse Bolsonaro. "O ministro Ricardo Salles, um excepcional ministro, mas as dificuldades que ele tem junto a setores aparelhados do Ministério Público, os xiitas ambientais, as dificuldades são enormes", afirmou mentindo, já que o Ministério Público nem mesmo participou desta operação. Ocorre que o FBI (espécie de Polícia Federal Americana) avisou que o Ibama estava liberando venda de madeira ilegal nos EUA e foi preciso o órgão de fiscalização avisar a Polícia Federal, a situação é um escândalo internacional coordenado para beneficiar madeireiros ilegais.
ALIADOS NA BERLINDA
O desespero de Bolsonaro se justifica, já que desde o dia 13 de maio o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), vem tentando explicar R$ 7 milhões do orçamento secreto montado no interior que foram enviados para o interior do Piauí, em municípios onde Ibanes tem extensas fazendas de gado. As terras ficam no extremo sul do Estado, a mais de 800 quilômetros de Brasília. O Estadão revelou na quinta-feira, 13, que Ibaneis, um dos poucos governadores aliados de Jair Bolsonaro, foi contemplado com o esquema montado dentro do Palácio do Planalto para aumentar a rede de apoiadores do presidente.
Por uma decisão do próprio Bolsonaro, esses recursos provenientes de uma nova modalidade de emenda deveriam ser distribuídos pelos ministros com base em critérios técnicos. Mas documentos aos quais o jornal teve acesso mostram que políticos escolhidos pelo Planalto impuseram não apenas as cidades, mas o que deveria ser comprado com R$ 3 bilhões do Ministério do Desenvolvimento Regional.
O campinho de futebol da casa do governador em Brasília passou a ser frequentado pelos filhos de Bolsonaro. Um deles, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), é alvo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios por um empréstimo do Banco de Brasília, instituição ligada ao governo distrital, para compra de uma mansão de R$ 6 milhões.
*COM FOLHA PRESS.