Os vereadores da comissão processante que investiga possíveis irregularidades na administração do prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), afirmam que o chefe do executivo foi “inconsequente” ao questionar a integridade do desembargador Luiz Tadeu Barbosa Silva que concedeu liminar para a Câmara Municipal dar continuidade aos trabalhos de investigação.

“Se nós formos olhar por esse prisma que ele (Bernal) está colocando de conexão política, nós poderíamos considerar que o desembargador que deu parecer favorável ao denunciado também tem conexões políticas. Ele é inconsequente nas declarações dele. Tem que confiar na justiça. Respeitar os poderes. Quando ele faz uma afirmativa dessas, ele desrespeita a justiça. Essa tem sido a atitude dele desde o começo da administração. Desrespeito ao Ministério Público, legislativo e agora o judiciário”, declarou o relator da comissão, vereador Flávio César (PT do B).

Para o presidente da comissão, vereador Edil Albuquerque (PMDB), as declarações do prefeito são “absurdas”. “Quem é ele para interferir na decisão da justiça? É o setor público que comanda as ações. É um absurdo ele fazer esse tipo de declaração. Se não respeitar a justiça, quem ele vai respeitar?”, questionou. O vereador ainda salientou que o prefeito possui direito a ampla defesa e, por lei, não precisa comparecer à oitiva marcada na segunda-feira para prestar depoimento.  “Ele não precisa vir. Pode mandar representante. E depois do depoimento ainda tem cinco dias para ratificar informações”, explicou.

Segundo Flávio César, mesmo que os secretários assumam a responsabilidade por possíveis irregularidades, como fez ontem o secretário municipal de planejamento, finanças e controle, Wanderley Ben Hur da Silva, o prefeito não sairá isento das acusações. “Se for comprovado que houve irregularidades, com certeza não isenta o denunciado porque ele é o prefeito. Ele é o chefe do executivo e o responsável por todas as pastas”, finalizou.

Diana Christie