27 de dezembro de 2024
Campo Grande 22ºC

'Desmembrando a Coffee Break'

Bernal comenta 'climão' na Câmara e espera decisão da Justiça para administrar Campo Grande ‘em paz’

A- A+

O clima ficou tenso ontem (29) na Câmara Municipal após o MPE (Ministério Público Estadual) entrar com pedido de prisão do prefeito afastado Gilmar Olarte (PP), do empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco e afastamento de 17 vereadores na Câmara, na última segunda-feira (28). 

A maioria dos vereadores que estiveram presentes na Câmara deixaram projetos de votação de lado e ocuparam a tribuna repercutindo o pedido de afastamento dos parlamentares e não deixaram de criticar a “antiga” gestão de Bernal para justificar seus votos na cassação do prefeito. 

Com a “guerra declarada”, o prefeito Alcides Bernal (PP), durante evento realizado no auditório do IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande), disse que a cidade pode parar e que é necessário pressa da Justiça para resolver a questão do afastamento dos vereadores. “Campo Grande precisa ver resolvida essa questão dos vereadores. Todo esse trabalho depende do judiciário, temos que confiar, o Ministério Público também fez um bom trabalho através do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a Polícia Federal também fez um trabalho muito sério e o tempo é um fator crucial para que a cidade gire”, pontuou o prefeito. 

Futuro do Executivo x Legislativo

Bernal também demonstrou preocupação em relação ao ‘clima’ entre o legislativo e o executivo, fator este que em sua análise pode prejudicar sua administração. “Para que eu possa administrar Campo Grande com a tranquilidade e paz necessária é preciso que haja uma definição com relação à presidência [da Câmara], e com relação aos vereadores para que eu possa formar uma maioria. A estabilidade política é um fator fundamental para que a gente possa atingir os nossos objetivos. Agora como o poder executivo vai tratar com o poder legislativo se a situação está ruim? Eu estou focado na administração, mas eu preciso que a Câmara aprove leis, faça uma fiscalização isenta, não com alguém que tenha intenção de prejudicar e criar obstáculos e amarras. Espero que tudo se resolva nos próximos dias”, finalizou Bernal sem “citar nomes” sobre quem estaria prejudicando seu trabalho junto a casa. 

'Melhor defesa é o ataque'

Ontem, (29) na Casa de Leis, vários vereadores como Airton Saraiva (DEM), sendo um dos opositores ferrenhos durante a primeira fase da gestão Bernal ocupou a tribuna para se defender da ação do Gaeco. “O Bernal esqueceu que os vereadores estão aqui porque foram escolhidos pelo povo. E agora Bernal é santo? A imprensa cobrou e fez o seu papel. Estamos com a consciência tranquila e tenho certeza que cumprimos nosso papel”, disparou.

Com mesmo discurso, o presidente da Casa, Flávio César (PT do B) emendou informando que até o momento a Câmara não havia sido notificada pela Justiça e, por isso, os trabalhos seguirão normalmente. Aproveitando, Flávio reafirmou que as apurações feitas durante a CPI do Calote, que à época investigou denúncias de irregularidades administrativas da gestão de Alcides Bernal foram comprovadas, e por isso, segundo o presidente do legislativo municipal não há o que temer. “Fizemos muito bem nosso trabalho e cada um fez o seu papel’, disse.

Engrossando coro com os pares da Casa, Carlão lembrou que, caso haja afastamento em demasia dos vereadores, a cidade irá sofrer “grandes consequências”. De acordo com o vereador, as acusações que levaram ao desencadeamento da Operação Coffee Break, que investiga possível envolvimento de vereadores em esquema de propina para derrubar o então prefeito Alcides Bernal, são “ infundadas”.

“Meu voto foi claro, não foi nada às escondidas. Fizemos com evidências. As acusações são infundadas temos certeza de que fizemos o que tinha de ser feito”, afirma. Faltou ao vereador explicar porque, no momento da votação, disse que havia se decidido por outro entendimento, mas que votaria pela cassação, uma vez que "muitos aqui [os vereadores] roeram a corda", falando sobre um provável ulterior acordo.