Antes da chegada do Covid-19 ao País, com dois mandatos de deputado federal e a nomeação para ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, o médico Luiz Henrique Mandetta já desfrutava de uma relativa visibilidade nacional. Mas nada que se compare ao que ele vive agora, como grande comandante das ações no combate e na prevenção à pandemia do coronavírus. O volume das palmas que o saúdam e a constante exposição midiática ao Brasil já deram motivos a analistas e observadores políticos para incluí-lo entre os brasileiros com credenciais para uma disputa presidencial.
Mandetta é um nome pronunciado nos quatro cantos do País. Até nas localidades mais remotas ele é a presença das mais esperadas nas coberturas e nos comentários da tevê, rádios, jornais, sites e redes sociais. Nos mais altos escalões da Republica, junto a autoridades de vários países e até entre seus adversários ideológicos tornou-se um alvo de aplausos reconhecidos à maneira simples e direta com que conduz a guerra contra a pandemia.
Com autoridade mais de um líder político que de um médico, Mandetta consegue fazer seu papel mantendo-se equidistante das fissuras palacianas e dos apelos popularescos que o tornaram celebridade. Não se deixou enredar por sentimentos menores quando Bolsonaro o contrariou, ao desprezar protocolos de segurança e saúde que se exigem em uma pandemia. Preservou a disciplina hierárquica e funcional, respeitando o presidente e convencendo-o, só com as suas atitudes, a ajustar-se ao novo rito comportamental que uma calamidade grave impõe.
Na quinta-feira, enquanto o ministério anunciava 621 casos com seis óbitos causados pelo coronavírus, Mandetta desdobrava-se para criar novas alternativas operacionais e executivas para a rede de saúde aprimorar o atendimento. Uma das preocupações do ministro: aumentar a oferta de respiradores hospitalares. Como se sabe, estes são os únicos equipamentos para tratar os quadros mais graves de contágio, já que o estágio mais letal da contaminação é a insuficiência respiratória crônica.
POPULARIDADE
Com sua habitual paciência e objetiva simplicidade para dar informações, orientar e fomentar a mobilização preventiva da sociedade, Mandetta firmou-se como um dos mais bem-sucedidos e agora um dos mais populares ministros de Bolsonaro. Com a atenção da sociedade presa nas notícias sobre a pandemia, não seria exagero afirmar que Mandetta emparelhou em popularidade com o ministro da Justiça e Segurança Publica, o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, outro presidenciável instalado no Planalto.
O crédito de Mandetta tem farto registro nos meios de comunicação. Na segunda-feira, 16, durante sessão do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Corte, ministro Dias Tofoli, juntou sua voz às de outros colegas que enalteciam a performance do médico sulmatogrossense na guerra contra o Covid-19. Alguns títulos sobre estas manifestações em órgãos importantes da imprensa nacional.
A Veja sentenciou: “Tofoli rasga elogios a Mandetta no STF: ministro inamovível”. Em O Antagonista, um blog bolsonarista, a reportagem publicou: “Durante a discussão hoje, entre os ministros do STF, sobre a redução de sessões presenciais, vários rasgaram elogios ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que esteve na Corte na segunda para expor a situação do novo coronavírus.
A reportagem prosseguiu, sobre Mandetta: “Realmente sua excelência demonstrou a sua competência, a sua profundidade no conhecimento, o acompanhamento diário que ele tem mundial e a legitimidade do sistema de saúde do Brasil diante do mundo. Não só cuidando do Brasil, mas auxiliando os países da África, e sendo o sistema de saúde central para a América do Sul. Registro que se há pessoa inamovível na República deve ser considerado o ministro Luiz Henrique Mandetta”, disse Dias Toffoli.
No Correio Braziliense, matéria da Agência Estado acentua: “Se dentro do governo Mandetta enfrenta desconfiança, fora dele tem recebido elogios até de adversários de Bolsonaro. Em 5 de fevereiro, quando a preocupação com o coronavírus chegava ao Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso postou no Twitter que Mandetta ´mostrou equilíbrio´ e disse que ´é disso que outros ministros precisam, não de ideologias de gênero, raça ou do que seja´.
APOIOS
O orçamento da Saúde é o segundo maior entre todos os ministérios: R$ 229,2 bilhões. Mandetta chegou ao ministério apoiado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e avais de peso, como os da Frente Parlamentar da Saúde (FPS) e das Santas Casas. Tem boas relações com outras lideranças do Democratas, entre as quais os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, David Alcolumbre (AP). E transita com desenvoltura pelos mais diferentes bastiões ideológicos e partidários.
Natural de Campo Grande e filho de família tradicional – seu pai é um dos médicos mais renomados em Mato Grosso do Sul, o ministro é especialista em Ortopedia Pediátrica e Gestão de Serviços e Sistema de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Começou a carreira no Hospital Geral do Exército, em 1993, servindo como médico militar tenente até 1995.
Iniciou a trajetória política pelo MDB, em 2005, como secretário de Saúde de Campo Grande, na gestão do primo Nelson Trad Filho, hoje senador. Em 2010 foi eleito deputado federal pelo DEM, reelegeu-se em 2014 e em 2018 não quis disputar a reeleição. Mandetta e Bolsonaro se aproximaram exercendo o mandato de deputados federais na legislatura 2015-2019, fazendo oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) e atacando medidas da gestão petista, como o Programa Mais Médicos.