22 de dezembro de 2024
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Editorial

André Puccinelli é a única opção de uma política sem opções para 2016

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O ex-prefeito e ex-governador André Puccinelli parece ser hoje, o único nome capaz de vencer de forma tranquila as eleições para a prefeitura da Capital em 2016. No caminho de uma eleição onde não haverá coligação nas proporcionais (vereadores), deverá pulular uma série de candidatos à Prefeitura de Campo Grande. Em sua maioria, sem escopo, que dificilmente teriam votos para conquistar uma cadeira na Câmara.

Sacudindo bem, freando para ajeitar a carga, ninguém.

Marquinhos Trad carregará o bônus do sobrenome, mas também o ônus do discutível governo do primogênito Nelson Trad Júnior. Também vai repetir a campanha de um partido divido e que se digladia, como ocorreu com Edson Giroto na campanha de 2012. E todo estrategista sabe que na guerra, as baixas ocorrem mais pela artilharia amiga. Caso consiga se acomodar numa outra sigla, terá que apressar o passo para compor uma estratégia de apoio, mas nesse caso ficaria sem a visibilidade e a mídia que a Assembleia lhe proporciona e ficaria no “sereno” tempo demais.

Parece que a estratégia traçada é acomodar os notáveis Trad, Fábio e Nelsinho, em um outro partido a ser, digamos assim, escolhido. A partir dai caberia aos irmãos estruturar o partido em todo o estado e principalmente na Capital para torná-lo competitivo. Para isso, os “donos” atuais teriam que carregar sua mudança nos novos automóveis de luxo que lhes seriam colocados à disposição, como outrora. Fábio ainda é um bom nome, mas Nelsinho traz nessa mudança muitos móveis com gavetas trancadas, que pesam excessivamente e deixam flancos indesejáveis para quem pretende uma batalha.

O deputado Henrique Mandetta (DEM) é outro pretendente à mão da noiva Morena, tem dote, mas os nomes que o acompanham, os Procuradores, fazem-no cair no ditado que desaconselha sua estada no seio das boas famílias: Dize-me com quem andas, e te direi quem és. Pois é, para que arriscar ver rota sua veste de batalha quando pode manter-se vestido com o fino figurino que lhe proporciona o cargo de deputado federal? Não, nem por amor ao partido.

O PTdoB mal começou a gatinhar e já pretende correr. É má ideia. Na política ainda vale a máxima dos Mineiros: caldo de galinha e prudência nunca fizeram mal a ninguém. Não há sentido prático para que o peemedebezinho, mal saído dos cueiros de sua ama, promova uma guerra entre os municípios de Jaraguari, Eldorado e Campo Grande. Não haveria vencedores, só perdedores.

O PSDB vem sendo trabalhado para que assuma a candidatura da vice-governadora Rose Modesto, mas cabem duas reflexões: Primeira, com apenas três meses de governo Azambuja, é muito cedo para saber o quando pesará o desgaste a que toda administração está sujeita nos primeiros 18 meses.

Dagoberto Nogueira (PDT) deve ser candidato, sempre teve por hábito concorrer em todos os pleitos. Conforme visto, na falta de um nome melhor que seja tirado das mangas de outros partidos, é um nome forte. Tem até quem diga: a que ponto chegamos, mas isso é política.

O PT não tem candidato, ou melhor, terá que ter para manter uma posição, mas qualquer que seja, terá poucas chances de vitória. O partido – exceto pela eleição dos 411 votos – nunca conseguiu se apresentar como uma opção possível na Capital. O nome em melhores condições seria do atual deputado federal e ex-governador Zeca do PT, mas improvável. Deve vir com Ricardo Ayache (ex-candidato ao Senado), mais para alavancar a trajetória política do presidente da Cassems, do que uma candidatura em que os próprios petistas acreditam.

Antonio João, senhor do PSD, deve colocar seu nome para avaliação do eleitorado. Tem um excelente cabo eleitoral, impulsivo, passional. Um vereador capaz de defender o prefeito mesmo enfrentando o repúdio e a vaia de quem ocupa o plenário, enquanto pede assinaturas para uma CPI que investigue aquele que defende. Se Chiquinho Telles carrega consiga uma gama de votos, o que dizer dos outros vereadores peessedistas Coringa e Deley Pinheiro em peso de votos? Quem mais estaria ao seu lado quando ele já foi usado e descartado por parceiros de maior expressão como o senador Delcídio do Amaral, de quem foi suplente, e do governador Reinaldo Azambuja, de quem foi companheiro de chapa? André Puccinelli? Talvez.

Os outros tantos, nem tanto. Uma massa disforme de nomes sem expressão, quase um desenho na cédula, ou em tempos modernos, uma foto na maquininha.

Franco atiradores

Bernal, ainda que se lance, não pode contar com o estupendo universo de 270 votos. O eleitor vai avaliar que se ganhar, novamente não vai levar. Gilmar Olarte só existe enquanto a Câmara lhe der sustentação, e ele é necessário agora, depois é peça descartável. Coisas da política, pastor, coisas da política.

Mas e o PMDB?

Esse caso é mais complexo. Esquecendo por um momento de Puccinelli, quais nomes se apresentam? Não faltam. O deputado federal Carlos Marun, o presidente da Câmara Municipal Marcos Cesar, o vereador Paulo Siufi, a deputada estadual Antonieta Amorim.

Carlo Marun é André Puccinelli, bem como Antonieta Amorim. Também não teriam o esforço voluntário de todo o PMDB, ainda que a parte realmente contrária acompanhe os irmãos Trad para outro partido.

Paulo Siufi quer, desde quando da imposição de Edson Giroto em 2012, o vereador pleiteia a indicação. E, olhando-se pelo prisma da política partidária, merece. É um homem de partido, não tem papas na língua, entra e sai de saias justas com grande competência, conhece a máquina do governo e influencia nela desde os tempos de presidente da Câmara. Enfim, tem um discurso que agrada o eleitor e não causa grandes cisões no partido.

Mario Cesar é mais estrategista e conhece o partido a ponto de engendrar um apoio conciso. Definitivamente já está em campanha e usa a Câmara com maestria para isso. Numa disputa interna com Siufi, teria o apoio do ex-governador e grande pajé peemedebista André Puccinelli.

Caso o PMDB decida pelos dois últimos, e havendo apoio do que for preterido, pode trazer o executivo novamente aos braços do grande grupo que foi apeado do comando da Capital pela maioria dos eleitores que optaram por mudanças. Contam com os erros, forçados ou não, das administrações Bernal e Olarte. A questão nesse caso é evitar que lhes questionem sobre os motivos que levaram à cassação de Bernal e a blindagem de Gilmar Olarte.

Esqueçam tudo caso o nome escolhido seja André Puccinelli. Nesse caso, tanto pela insipiência dos outros nomes, como pela força política e eleitoral do ex-prefeito e ex-governador, passem a régua.

E mais, o natural seria a candidatura de Puccinelli ao Senado em 2018, mas ele nunca arriscou assumir o vexame de uma derrota. No seu reduto, com esses candidatos, ele é imbatível, já em outras searas...

Surpresa

Será difícil uma nova surpresa que arrebate votos e aglutine o desejo popular por mudanças, como ocorreu nas eleições de 2012. A dura penas o eleitor aprendeu que é apenas um apensório das eleições, sua vontade e seu voto não valem.

Ou, talvez, as movimentações populares cresçam e se encorpem. Mas para isso o combate à corrupção precisaria começar pelo próprio eleitor, valorizando a honra contida em seu voto.