Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estão sob suspeição da população desde o caso Mensalão do PT, que puniu de forma branda os envolvidos, para logo depois de arrepender e abrandar ainda mais as penas impostas. Mas, verificando currículos pode-se observar que, por exemplo, alguns se travestiram em defensores devotados dos réus. Um deles foi indicado ao cargo por ser filho da amiga da primeira-dama, outro tem como fonte de seu notório saber jurídico, ainda que reprovado por duas vezes em concurso para juiz de 1ª Instância, o fato de haver advogado pelo Partido dos Trabalhadores e por ser defensor do ex-ministro (e condenado no Mensalão), José Dirceu.
Agora o STF aguarda a nomeação do substituto do ex-ministro e relator do Mensalão e ex-presidente daquela Corte, Joaquim Barbosa. O destino fez um intrigante jogo de palavras, porque talvez não falhe, mas tarda absurdamente. A Corte julga com número par de ministros e coloca em risco suas determinações, ou sentenças, uma vez que em caso de empate, o réu é beneficiado – in dubio pro reo. Mas isso pouco importa para a soberana que vive o devaneio de ocupar um poder Moderador, extinto ao final do Império.
Caberá ao STF julgar os políticos envolvidos e acusados na Operação Lava Jato que dilapidou a Petrobras econômica e moralmente. Esta noite, será conhecida talvez como “A Noite dos Insones”, e a manhã da quarta-feira (4) como o “Despertar para o Terror”. Desta caixa não sairão todos os males do mundo, como se fosse de Pandora, mas talvez saia a redenção ou o rearranjo da política brasileira.
Virão à tona o nome dos políticos que há muito se locupletam, e permitem que outros tantos o façam, da coisa pública. O Partido dos Trabalhadores e seus apensos não são os únicos envolvidos nestas tramas, outros tantos nomes sairão do oco destes Santos. Porém, parece que aqui também se readapta outro ditado e pode-se dizer que aqueles que sempre consideraram que tiveram pouco do melado, quando aberto o pote foram os que mais se lambuzaram.
Se os políticos estão insones, o eleitor dorme tranquilo e desconsolado, porque perdeu sua fé na Justiça. Desacreditou quase sem jeito de reacreditar.
Partem do princípio de que o julgamento do Mensalão demorou anos até o julgamento possibilitando que os acusados continuassem fortalecendo e ampliando sua rede de ação até que fossem condenados, ou não. Quase foram transformados em heróis, e para alguns, assim são considerados. Por fim, os “iguais mais iguais que os outros” conseguiram benesses que não são permitidas para todos os outros “iguais”. Estão livres, ou em prisão domiciliar, ou em regime aberto. Agora a Justiça é vista como a política, na tábua rasa da falência ética e moral.
A se fazer a pergunta sobre em que dará esse caso, a resposta é unânime: em pizza. A divergência fica por conta do sabor.
?Mas temos por dever de cidadãos nutrir esperança e otimismo. Políticos passam, Nações permanecem. Se chegamos ao fundo do poço, cavar não nos levará a nada. Algumas ações esparsas alimentam a esperança de um reordenamento positivo da política. O mais emblemático talvez seja a reação do presidente do Senado, Renan Calheiros, o primeiro rato a abandonar o navio, que anunciou ontem, em plenário, a devolução ao Executivo da medida provisória 669/2015, que trata da desoneração da folha de pagamento das empresas.
O motivo seria um ressentimento em relação à presidente Dilma. Renan já não havia comparecido a um jantar oferecido pela presidente à cúpula do PMDB. Este fato, que não condiz com o perfil de malandra subserviência do presidente do Senado, que se submete a acordos e renúncias para não perder o doce (poder). É uma ameaça, um rugido que indica o ataque iminente.
O PMDB já tinha assinalado em sua propaganda política que forma um corpo tumoroso dentro do governo, que tende a crescer e matar o organismo para se manter vivo.
Quando, e se, divulgada a lista de políticos denunciados, pois que ainda depende de que o ministro do STF, Teori Zavascki, assim decida, certamente enquanto o PT brada os nomes envolvidos como heróis, na insana ópera bufa “A esquerda sobreviverá e, como Phoenix retornará mais forte”, o PMDB fará cara de paisagem e deixará que os seus envolvidos queimem no fogo alimentado pelo petróleo. Os outros partidos, da base da presidente ou da oposição, deitarão discursos indignados como se fossem os mais justos dos santos, e talvez entreguem os envolvidos ao limbo da história.
E para encerrar, a reflexão do jornalista Ricardo Kotscho, - amigo de Lula, foi secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República em seu período de governo, - em seu artigo: “Para onde vamos, Dilma: fundo do poço ou poço sem fundo?”:
O governo Dilma-2 está cavando a sua própria cova desde que resolveu esnobar o PMDB, e não adianta Lula ficar pensando em 2018 porque, do jeito que vamos, o país não aguenta até 2018.
Nem Dilma, em seus piores pesadelos, poderia imaginar este cenário de terra arrasada _ ou não teria se candidatado à reeleição, da qual já deve estar profundamente arrependida.
Retomando ao início do texto, a oportunidade de a Justiça consolidar-se como Poder independente e deixar clara essa independência e poder, é agora. Assim como a mulher de César, não basta ser honesta, tem que parecer honesta.