Ainda que se espere e pretenda uma renovação na política, as eleições de 2016 deverão ter nos santinhos, folders e demais materiais de campanha, os mesmos e conhecidos rostos. Ainda que muitos dos aspirantes a prefeito venham a surpreender pela ousadia de se lançar candidato a administrar a Capital do estado, serão os velhos conhecidos rostos, disputando o voto do eleitorado que inexoravelmente se renova.
Até o momento, cinco políticos disseram sua intenção em disputar: deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), vereador Edil Albuquerque (PMDB), vereador Paulo Siufi (PMDB), Mario Cesar (PMDB) e deputado Márcio Fernandes (PTdoB). Outros demonstraram sua intenção, de forma mais discreta, na base do “vai não vai – mas depende”: deputada Antonieta Amorim (PMDB), deputado Lidio Lopes (PEN), vereador Flávio César (PTdoB). Alguns falaram e calaram, como dizia o falecido político Magalhães Pinto “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.” Assim, até Gilmar Olarte, o pastor (sem partido e despretendido até pelos pequenos), acredita nas bençãos divinas que podem lhe permitir sonhar com a reeleição. Outros tantos, tem pessoas que os querem na disputa, porém não se decidiram. Tem ainda o ex-prefeito Alcides Bernal, que pode de última hora sacudir o PP, a política, o eleitorado, e colocar seu nome na disputa, assim, de rompante.
Dessa forma, o PMDB é aquele que mais candidatos tem, sem ter nenhum candidato. Dividido entre os pró André Puccinelli e os “muito pelo contrário”, tem nomes fortes, como já ocorrera em 2012, deve preteri-los.
Marquinhos Trad é o melhor posicionado conforme apontam pesquisas internas, realizadas antes, muito antes do período eleitoral, o que não significa muita coisa, mas é alguma coisa em que se amparar; perde apenas para o ex-governador e Richelieu peemedebista, Puccinelli. Vai concorrer provavelmente pelo novo-mesmo-partido (re)nascido , PTB “25”, para onde devem migrar seus irmãos, Nelsinho e Fábio , e que será comandado pelo primo Luiz Henrique Mandetta.
Paulo Siufi já pretendia sua indicação em 2012. Foi ignorado. Este ano vem para o embate, ainda que seja improvável que concorra pelas cores e bandeira do PMDB.
Edil Albuquerque era o candidato natural em 2012, pois vinha de um bem-sucedido período como vice-prefeito e secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e do Agronegócio (Sedesc) na gestão Nelsinho Trad, e a favor de quem Paulo Siufi abriria mão da disputa. Optou agora por aposentar-se da vida legislativa, entretanto não da política. É nome forte para o eleitoral, mas não conta com a simpatia do “Grande Cardeal”. Articulador experimentado e homem de visão empresarial, Se houvesse mais “lógica e inteligência” na política sul-mato-grossense, e menos “vaidade e esperteza(?)” seria disputado a tapas, socos e pontapés para compor chapa na condição de vice com todos os que pretendam, efetivamente, disputar para ganhar. Deve deixar o barco peemedebista onde muitos insistem em retirar a água sem tapar o buraco, e nadar até uma margem mais segura.
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Mario Cesar, por enquanto ainda está na geladeira. Tudo depende de a Casa de Leis resgatar, ao menos em parte, a imagem que vem deteriorada por um momento atípico da política local onde tudo deu errado para os vereadores, em prejuízo do município e da população, mas que pode se reverter em benefício se a esperada renovação nas urnas ocorrer. Tem a benção e a unção do Cardeal, mas ainda falta que lhe autorizem colocar as vestes para que seja incensado e lançado às feras como candidato de um PMDB enfraquecido tanto quanto a própria Câmara que preside.
Márcio Fernandes é o candidato dele mesmo e do “peemedebezinho”, ou “PTdoAndré”. Caso os vereadores Eduardo Romero, Otávio Trad e Flávio César consigam o intento de transformar esse apêndice de partido em uma agremiação desvinculada e autônoma, ao deputado Márcio Fernandes restará apenas e tão somente as palavras de consolo de seu mentor político. Nesse caso, e para ressuscitar o partido, ainda que sem grandes chances de vitória, Flávio César teria seu nome e foto nas inseguras urnas eletrônicas.
Quem quer porque quer é a ex-primeira dama Trad e agora deputada Antonieta Amorim. Pela sua determinação, aliada ao enfraquecimento do PMDB e do nome de Mario Cesar (em função da posição que ocupa na Casa que ocupa); pela negativa de Edson Giroto (PR), menina dos olhos e homem de confiança do grupo de André Puccinelli, em trocar o certo pelo duvidoso; e pela pouca disposição do pau-para-toda-a-obra do mesmo André, deputado federal Carlos Marun; pode ser que vingue. Falta combinar com o eleitor.
Lidio Lopes, depois de umas engasgadas de políticos ligados à corrente evangélica, e sem riscos de perder nada, a não ser a própria eleição, mas mantendo sua cadeira na Assembleia, vai buscar dar corpo e cara para o pequeno PEN, ou negociar em condições vantajosas. Ele descarta a ida para o PTB.
O efeito Bernal e Gilmar Olarte
A grande incógnita a embranquecer os cabelos de analistas e políticos gira em torno das intenções do ex-prefeito Alcides Bernal. Dono de uma expressiva votação (mais de 270 mil votos em 2012), cassado pela Câmara e substituído mal e porcamente pelo vice Gilmar Olarte, pode num repente, lançar seu nome, sem dinheiro e sem estrutura, e surpreender novamente. Contaria com os seus próprios votos e com os daqueles que desacreditaram dos atuais políticos a quem atribuem a responsabilidade pela atual situação da Capital.
Gilmar Olarte caso escape da Justiça e consiga “um desses partidos” que lhe valorize mais pelas “burras cheias” do que pelas possibilidades de vitória, vai tentar a reeleição. E só.
André Senador ou Governador?
Questionado, age como a esfinge que admira e lança o desafio aos que o interpelam: “Decifra-me ou devoro-te”.
Se perguntado se irá concorrer ao Governo do Estado, responde: “E por que não ao Senado(?)”. E vice-versa. Com André Puccinelli, não tem meias medidas. Assim como teve uma ascendência meteórica – secretário estadual da Saúde (entre 1983 e 1985), deputado estadual por dois mandatos (de 1987 a 1991 e de 1991 a 1995), deputado federal (de 1995 a 1996), prefeito da capital do Estado (1997–2000 e 2001–2004), eleito governador do estado de Mato Grosso do Sul, e reeleito em 2010 (2011-2014) – pode ter entrado em linha descendente e traz atrelado a si o próprio PMDB.
Assim como as pesquisas neste momento, pouco servem para serem consideradas assertivas, mas é o exato formato que as nuvens de Magalhães Pinto apresentam.