Nos últimos dias o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) tem divulgado por meio da imprensa e outros meios de comunicação o que o sindicato considera ser um descaso do governo do Estado com a classe. Esse descaso, na opinião do dirigente do Sinpol Alexandre Barbosa da Silva, traz para a sociedade sul-mato-grossense e para os policiais civis graves conseqüências.
De acordo com o presidente da Sinpol, há cerca de quatro anos são feitas campanhas de valorização da PC (Polícia Civil), na questão do piso salarial, que é o mais baixo do país, além de ser reivindicada melhores condições de trabalho, como melhoria da infraestrutura de delegacias, e o aumento do número de viaturas e equipamentos de informática.
A profissão do policial civil é dividida em delegado, perito, investigador, escrivão, papiloscopista e agente da polícia científica. Os profissionais investigadores e escrivães somam 1.250. Acrescentando a esses os profissionais, papiloscopista e agentes da polícia científica, seriam necessários nesses quatro setores 1.400 policiais. Já delegados e peritos somam 1.600 policiais. Somente para investigadores e escrivães, o Estado deveria possuir 2.400 profissionais ativos, ou seja, o déficit de profissionais é de 1.150.
Outra reivindicação é que para o concurso da PC que está em andamento sejam aumentadas as vagas de 200 para 500. O sindicato também reivindica a remoção dos presos em delegacias do Estado para os presídios. “Delegacia não é local de preso, hoje há no Estado 700 presos em delegacias devido à falta de vagas em presídios. Não é papel do PC cuidar desses presos. Enquanto ficamos nas delegacias, a população perde, pois não estamos na rua fazendo nosso trabalho”, lamenta o presidente Alexandre.
A falta de equipamentos de informática e efetivo também prejudica a população, exemplo disso é no momento em que uma pessoa for realizar um BO (Boletim de Ocorrência). Muitas vezes, essa pessoa fica horas em uma delegacia, pois não há como atendê-la de forma rápida e eficaz.
Em relação ao armamento, muitos policiais não têm pistolas e utilizam ainda revólveres. Segundo Alexandre, as viaturas estão sucateadas e algumas delegacias possuem apenas uma. O presidente explica que muitos equipamentos recebidos hoje vão para a fronteira, devido à época da Copa, e esse equipamento não é proveniente do governo estadual, mas sim, do governo federal, por meio do Ministério da Justiça. “O governo estadual não investe. Somente o federal. E ultimamente só atende as regiões de fronteira devido a Copa do Mundo”. O presidente lembra que muitas vezes o policial utiliza do seu próprio dinheiro para a compra de munição, que tem estado escassa.
O efetivo da polícia civil tem uma sobrecarga de trabalho, conforme explica Alexandre. Hoje, há policiais que trabalham mais de 300 horas mensais, e a máxima seria de 170 horas mensais. Aqueles que excedem essas horas não recebem o valor da hora extra prescrita na lei estadual complementar n° 114/2005. Muitos policiais fazem “bico”, para ganhar um pouco além do valor do salário. Aos que ingressam hoje na carreira, a média de salário é de R$3.331,00, a reivindicação é que aumente em 9%.
No próximo sábado, o Sinpol irá realizar uma assembleia geral para discutir a situação do setor. Alexandre explica que há alguns meses tentando marcar uma audiência com o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), porém, sem sucesso. Caso não sejam atendidos, a greve não é descartada pelos policiais.