Os moradores do bairro Lar do Trabalhador - região central de Campo Grande - estão preocupados com as condições a que estão sendo expostos. O bairro possui uma praça que seria para o lazer dos moradores, porém, há sete meses, pessoas em condições de rua, usuários de drogas e até traficantes tomaram conta do local, que fica ao lado de uma creche.
O que era para ser uma praça e um bairro tranquilos tornou-se algo nunca visto antes, como dizem alguns moradores que não quiseram se identificar por insegurança. Os moradores não saem mais à noite, poucas mães ainda deixam seus filhos brincarem na praça e a sujeira e o descaso tomam conta do local. “As pessoas de bairros vizinhos e até do condomínio ao lado não vem mais aqui por medo, ninguém mais aguenta as drogas, o mau cheiro, as brigas”, desabafa uma moradora.
Inicialmente essas pessoas em condições de rua se “acamparam” no meio da praça, próximo a caída d’água. Como havia algumas torneiras disponíveis, ali eles tomavam banho e lavavam suas roupas, após algum tempo mudaram para uma calçada em outro lado da praça.
De acordo uma dona de casa que não quis se identificar, essas pessoas que ficam nesse canto da praça estão praticamente morando no local. Colchões, sofá, bancos, baldes, vassouras e outros objetos podem ser vistos. Os sem-teto que ali se encontravam, ao notarem a reportagem saíram do local.
A maior indignação da população do Lar do Trabalhador é ver o programa Consultório de Rua, quase que semanalmente, fazendo a doação de medicamentos, produtos de higiene e orientação a essas pessoas. Elas não podem ser retiradas do local, segundo os moradores, devido aos direitos humanos, que impede essa retirada.
Outro fator que causa revolta nos moradores, é o fato dos mesmos usar a própria calçada para fazer suas necessidades, além de entrar na creche aos fins de semana para tomar banho nas torneiras que se encontram no pátio. “Eles não tão nem aí, eles fazem xixi, fazem cocô e até sexo no meio da rua. Há uma creche ao lado, essas crianças podem correr perigo aí”, desabafa a jovem que reside próximo à praça.
De acordo com o presidente do bairro, Emerson Teixeira, há seis meses ele envia ofício aos órgãos municipais para que tomem providências, porém nada é feito. Ele explica que os sem-teto estão confortáveis com a situação, pois ganham alimentos dos vizinhos, dinheiro, telefone emprestado, etc.
“A SAS (Secretaria de Assistência Social) e a Sesau (Secretaria de Saúde), sabem dessa situação, já vieram aqui, mas dizem que não se pode fazer nada. Já mandei pedidos até para o comandante da polícia militar e da guarda municipal.” Emerson completa que a manutenção da praça também não é feita. “A última vez foi na época da festa junina da Praça do Papa, depois nunca mais”. Outro órgão já informado foi a Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), e esse também não tem feito nada para nos ajudar.
O pedido dos moradores é para que os órgãos municipais vejam a situação do bairro e ajude-os a resolver o caso, visto que, a situação em que eles se encontram com a presença desses moradores, e até a creche local não é boa.
Conforme explica o secretário da Seintrha, Semy Ferraz, o principal responsável dessa questão é a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). O secretário se dispôs a entrar em contato com a secretária e repassar a situação do bairro para que sejam tomadas as devidas providências.
Tayná Biazus *Matéria editada para acréscimo de informações às 10h10.