Maycon Pinheiro, de 31 anos, está empreendendo a partir da cozinha de sua casa – trata-se da lanchonete Nico Burguer Lanche CG, feita home office – na qual ele e a esposa, Graziele, de 28 anos, são os únicos funcionários e os proprietários. “Faço tudo aqui, com uma frigideira, com pão de qualidade e molhos e hambúrguer caseiro. A minha esposa entrega lá na portaria para o entregador do iFood e entregamos aqui no condomínio também”, resume Maycon.
A nossa conversa com o empreendedor ocorreu na noite do dia 8 de janeiro de 2024. Na ocasião, a reportagem foi convidada a conhecer a cozinha utilizada por Maycon, em um dos apartamentos de um residencial no Jardim Centenário, em Campo Grande (MS). “Quero que vocês conheçam o espaço lá. Vou fazer lanches para vocês provarem, tem que comer para saber se é bom mesmo”, brinca.
Entramos no apartamento. Compacto, o espaço era extremamente limpo e arejado. Graziele, a esposa de Maycon, estava sentada em um sofá, com o controle de TV na mão. “Pode entrar, gente. Entre e fique à vontade”, convida ela.
Ao passar pela porta, à direita, já era possível ver a cozinha, para a qual Maycon já se direcionou. “Esse lugar aqui é onde tudo acontece. É onde está nosso sonho de crescer”, prospecta, sorridente.
Enquanto fala sobre sua trajetória como cozinheiro e empreendedor, ele começa a preparar os lanches para a equipe. Numa geladeira organizada, estavam dispostos os mantimentos: hambúrguer, vegetais e molhos. Maycon começa a retirá-los, um por vez. “As pessoas acham que porque eu estou fazendo em casa é algo sujo, mas aqui é mais limpo que muita lanchonete. Aqui não tem bagunça. Tem hora que a gente para, limpa toda a cozinha e volta a montar os lanches com tudo limpo. Como você pode ver aqui é tudo limpinho”, sustenta.
Maycon retira produtos para preparo do lanche em sua cozinha da Nico Burguer Lanche CG. Foto: Tero QueirozPara preparar o lanche, ele de fato utiliza apenas uma frigideira, na qual adiciona o primeiro ingrediente. “No preparo eu uso pouco óleo e às vezes nem uso óleo. Eu faço bem-feito e uso uma carne boa, macia e com pouca gordura para preparar o hambúrguer. Os clientes falam sobre ser assim, é algo que tento fazer o mais saudável possível. Quero que seja um alimento prazeroso”, define. “Meu lanche é caseiro. O gosto é bem diferente, porque se você fritar ele na chapa ele já fica com gosto de gordura e aqui na frigideira eu frito só o hamburguer, eu tenho um airfryer aqui que eu frito bacon, uma calabresa. A montagem do lanche também é bem diferente”, acrescenta.
Harburguer caseiro colocado em uma frigideira para preparo de lanche na Nico Burguer Lanche CG. Foto: Tero Queiroz Para Maycon, a montagem do lanche afetará muito o sabor do produto. “Eu corto o pão assim (em três partes) e monto de uma maneira que os ingredientes não descaracterizem nada, eles acabam se complementando e o fato de ser tudo caseiro resulta em uma experiência diferente”, detalha.
Provocado a falar sobre a sua relação histórica com a cozinha, o empreendedor destaca que tudo surgiu de maneira muito natural. “Um dia, em família na casa da minha mãe, decidimos brincar de fazer lanche e dessa brincadeira veio o interesse mais e mais, até que entendi que poderia conseguir uma renda a partir dessa habilidade”, conta.
Maycon monta um lanche na cozinho da Nico Burguer Lanche CG. Foto: Tero Queiroz Finalizando o X Salada que fez para o repórter provar, Maycon começa lembrar de como transformou-se numa lanchonete home office. “A coisa ficou feia em 2020, né? Eu tinha uma lanchonete de porta aberta lá no Jardim Imperial. Eu tinha aberto lá há uns 5 meses e aí veio a pandemia e acabou com tudo. Aí eu fui para casa, no fogão de casa, sem aluguel e funcionário: eu e minha esposa. Lá, na época era condomínio também, no Jardim Tarumã. Eu e a minha esposa decidimos morar juntos de verdade e viemos para cá”, revela.
No novo modelo de empreender, Maycon considera que o ponto forte é ficar aberto quase 24h. “Eu abro 8h da manhã no aplicativo e fica aberto até às 3h da madrugada, horário que os entregadores do iFood ainda percorrem aqui no bairro, depois disso eles só ficam no Centro”.
Maycon adiciona ingredientes no lanche. Foto: Tero Queiroz Maycon levou apenas 5 minutos para fazer o X Salada ao repórter. Ele entrega o lanche, dizendo que sente muito prazer ao satisfazer ao máximo sua clientela. A rapidez é um dos pontos pelo o qual tem trabalhado, mas reconhece que há expectativas que ele ainda não tem sob seu controle. “Eu faço um lanche em 6 minutos. A lanchonete faz rápido, mas o problema é o iFood que até procurar o entregador e ele se deslocar pra cá e daqui pra casa do cliente vai demorar um pouquinho. Minha média de entrega é até 10km daqui, até o centro da cidade, então deve demorar uns 20 minutos, porque o iFood vai procurar o entregador que está mais perto pra fazer a entrega”, esclarece.
Lanche preparado por Maycon à reportagem do MS Notícias. Foto: Tero Queiroz O empreendimento inovador proposto por Maycon, tem conquistado o público à luz de sua qualidade e em razão de ser mais saudável. Entretanto, o empreendedor reconhece que há uma disputa desleal entre os empreendedores da periferia e do centro. “O desafio de quem faz lanche na periferia é a concorrência. Tem gente que cobra barato demais e às vezes o cara compra um hambúrguer no mercado e vende. Aí a gente faz um hambúrguer caseiro, maionese caseira e o cliente ou escolhe o mais barato ou vai direto pra um BK ou Mc Donald 's, sendo que o que eu faço, por exemplo, é mais saudável porque não é industrializado”.
Maycon inicia o preprado de lanches para clientes enquanto dava entrevista. Foto: Tero QueirozGraziela disse que os clientes ficam satisfeitos e já há uma carteira de clientes. “Pedem sempre. Eles falam que o lanche é muito bom. No final do ano uns vizinhos queriam pizzaria aberta e não tinha e bombou o nosso lanche, tanto que acabou rápido. E vai um indicando pro outro”, cita.
Ao lado de Maycon, a esposa aposta que futuramente serão amplamente conhecidos, mas que para isso precisam de apoios de entidades de empreendedorismo e de políticas públicas que ainda não chegam à periferia. “Por enquanto, estamos tendo dificuldade para encontrar fornecedores. Seria muito bom se tivesse um desconto específico em grandes mercados para quem trabalha com lanche, porque hoje em dia está tudo muito caro e se os mercados oferecessem esse desconto nas carnes, por exemplo, ajudaria muito”, indica.
Lanche da Nico Burguer CG preprado por Maycon. Foto: Tero Queiroz Para apoiar o esposo no empreendimento como única fonte de renda do casal, Graziela foi a cliente primária, extremamente exigente. “Eu não sou muito de comer lanche, porque me faz mal. Mas quando ele fez a primeira vez pra eu experimentar, eu comi e além de muito gostoso eu não fiquei me sentindo pesada, sabe? Já teve lugar de a gente pedir o lanche e a gente ter que secar com o guardanapo de tanto óleo, sabe? E o que ele faz não tem isso. Por isso, acredito muito no sucesso do Nico Burguer Lanche CG, porque não é uma aprovação ‘carinhosa’, mas sim, porque há muita qualidade mesmo”, completa.
Siga a lanchonete de Maycon e Graziele nas redes:
O lanche de Maycon também foi aprovado pela reportagem, que ao final do bate-papo estava bastante satisfeita. “Fazer lanche é uma coisa que eu aprendi a gostar. Se eu quero comer uma coisa gostosa, saborosa ela não pode ser feita de qualquer jeito. Tem que preparar com carinho, como se fosse pra você. E acho que é por isso que está dando muito certo, porque eu faço com cuidado, como se fosse pra mim”, finalizou.
A lanchonete 'Nico Burguer Lanche CG' tem um cardápio variado de lanches que variam de R$ 12,50 até R$ 32,00. Podem pedir clientes num raio de 10km da casa de Maycon. O lanche pode ser pedido pelo telefone 67 9 9172-5367. O cardápio está disponível no Instagram @nicoburguerlanchecg_loja02.











