A gestão de Gilmar Olarte (PP sob liminar) esteve no centro dos discursos dos vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande, e de forma negativa, como se os vereadores houvessem rompido o período de paz decretado desde que o prefeito assumiu a gestão após a conturbada administração que culminou com a cassação do mandato do prefeito eleito, Alcides Bernal (PP). A paz durou pouco mais de um ano e não resistiu ao pouco desempenho oferecido e às muitas explicações nem sempre convincentes.
Carlão (PSB) ocupou a tribuna para repercutir as reclamações da população sobre o trabalho da Guarda Municipal, que não cumpre seu papel definido na Constituição Municipal, deixando ao abandono prédios públicos como CRAS, Ceinfs, Escolas, UPAs e UBSFs, mas se auto-atribuindo funções que são específicas das Polícias Militares e Agentes de Trânsito. Cobrou também quais são os critérios que definem quais são os que vão para as viaturas e quais são designados para a guarda dos imóveis públicos, e disse que existem suspeitas de beneficiamentos pessoais dentro da corporação.
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Dizendo que havia definido por dar uma trégua caso o prefeito não cometesse outro erro grosseiro no prazo de um mês, vereador Paulo Pedra (PDT) lembrou que por mais uma vez Olarte “meteu os pés pelas mãos” e, desrespeitando a liturgia, assinou documento de doação de área pública, supervalorizada, que sequer passou por apreciação do legislativo.
A atitude recebeu a reprovação de Carla Stephanini (PMDB), que repudiou essa atitude do prefeito, tomada durante o evento da Fórmula Truck, quando assinou cedência desse espaço público, em área nobre, para determinado sindicato, sem consultar o legislativo, quando existem outras áreas que não essa próximo ao Sest/Senat. “O prefeito expôs essa Casa passando por cima de nossas funções”, disse a vereadora.
O presidente da Câmara, que no momento presidia também a sessão, Mario Cesar (PMDB), informou que Olarte havia mantido contato telefônico na terça-feira (7) solicitando que o Projeto fosse apreciado até a sessão de quinta-feira (9), possibilitando a assinatura da doação durante o evento automobilístico. Como não foi possível, Olarte extrapolou e, mesmo sem a apreciação e aprovação do projeto pela Câmara, fez o ato de doação. Segundo Mario Cesar, a cedência da área colocou a Casa em vulnerabilidade, pois não tem conhecimento da contrapartida do município e demais especificidades do projeto. “Houve desrespeito, má condução e falta de habilidade do prefeito”, finalizou Mario Cesar.
Thais Helena (PT) foi ao microfone apresentar requerimento a respeito das denúncias de falta de merenda e outros materiais aos Ceinfs e, pelas reformas que estão abandonadas. Mencionou as diversas denúncias divulgadas pela imprensa local e enviadas à Câmara pela população. O líder oficial do prefeito, Edil Albuquerque (PMDB) não se pronunciou, mas João Rocha (PSDB) saiu em defesa do prefeito e disse que a Casa não pode se pautar pelas matérias divulgadas pelas mídias, subestimando o papel da imprensa; e também que as denuncias veem de pessoas que vão aos Ceinfs para criar fatos que não existem.
O requerimento não foi votado por falta de quórum. Haviam menos de 15 vereadores no plenário.