04 de novembro de 2024
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SAÍDA ÀS PRESSAS

Vídeos: garimpeiros fogem deixando cozinheiras nas terras Yanomamis em meio a operação

Lula mandou derrubar avião que invadir espaço aéreo onde ocorre a operação

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Centenas de homens infratores que atuavam ilegalmente nas terras do povo indígena Yanomami, em Roraima, estão fugindo do local em razão da operação do governo federal que decretou em 30 de janeiro a prisão dos invasores no território indígena. Em meio a operação, homens foram vistos fugindo na madrugada a pé e em barcos. Além disso, mulheres que seriam cozinheiras do garimpo, gravaram vídeo pedindo ajuda para resgate de aeronave, pois estão "cercadas" na terra indígena e não conseguem caminhar para fuga.  

A decisão do presidente Lula (PT) por meio de decreto é para serem tomadas medidas duras contra os garimpeiros com o objetivo expulsá-los da região pertencente ao povo Yanomami. A atuação do garimpo ilegal na Terra Yanomami, que se estabeleceu na área sob a anuência do governo de Jair Bolsonaro (PL), levou os indígenas a uma crise humanitária sem precedentes. O povo originário estava adoencendo, sendo submetido a prostituição, bebidas e doenças levadas pelos invasores.  

Ao contrário do antecessor, Lula está socorrendo o povo indígena. O novo governo bloqueou o espaço aéreo da região, criando a chamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA), onde aviões cujos pilotos se recusarem a pousar para serem identificados poderão ser abatidos. Além disso, militares do Exército, junto a policiais federais, têm atuado em terra para expulsar os garimpeiros. 

Essas ações forçaram a interrupção do abastecimento de comida, combustível e outros insumos aos garimpos, que chegavam através de aeronaves clandestinas. Diante da investida do governo, esses garimpeiros começaram a deixar às pressas a região. Calcula-se que mais de 20 mil garimpeiros ilegais ainda estejam na Terra Indígena

“Temos essa informação de que muitos garimpeiros estão saindo. É bom que saiam, assim a gente diminui a operação que vai ser feita. Se eles saem sem precisar da força policial, é melhor para todo mundo”, disse neste sábado (4.fev.23), em entrevista, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que está em Roraima para acompanhar de perto os trabalhos de expulsão dos garimpeiros e de assistência aos Yanomami. 

Algumas cozinheiras foram abandonadas por garimpeiros e disseram que Lula (PT) não está enviando aeronave para retirada dos garimpeiros. Elas dizem que devido ao fato de serem mulheres, não conseguem caminhar 30 dias para sair  do território e que o trajeto seria perigoso. Ainda segundo o relato das mulheres, elas teriam 3 mil para deixar o acompamento ilegal por meio de helicóptero, mas que os donos das aeronaves estariam pedindo R$ 15 mil para realizar o resgate delas. Veja o vídeo: 

 

Garimpeiros são algozes e vítimas ao mesmo tempo. Vítimas do crime organizado que usa a mão de obra deles análoga à escravidão. Como algozes, deixam para trás uma terra arrasada. As águas barrentas denunciam o estrago. Como vítimas, são escudos dos bilionários que financiam o garimpo ilegal na região.  

A PERAÇÃO 

A operação de remoção do garimpo das terras indígenas Yanomamis deverá ser comandada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) acompanha as ações e pensa estratégias para evitar que os garimpeiros se desloquem para outras áreas indígenas. “Não há nenhuma autorização legal para essa exploração. Então, tudo que é garimpo que está no território Yanomami é considerado ilegal. Portanto, precisam ser retirados imediatamente. É o que nesse momento o governo federal está decidido a fazer” , disse a ministra Sonia Guajajara.

Segundo estudo elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos, a mineração ilegal em terras indígenas da Amazônia Legal aumentou 1.217% nos últimos 35 anos. De 1985 para 2020, a área atingida pela atividade garimpeira passou de 7,45 km² para 102,16 km². Quase todo o garimpo ilegal (95%) fica em apenas 3 terras indígenas: a Kayapó, a Munduruku e a Yanomami.