As deportações de imigrantes iniciadas no governo de Donald Trump provocaram uma crise diplomática entre os Estados Unidos e vários países da América Latina, com destaque para a Colômbia e o Brasil.
A disputa começou quando o governo americano exigiu que a Colômbia aceitasse aviões militares para transportar colombianos deportados. Inicialmente, o presidente Gustavo Petro se recusou a permitir os voos. Em resposta, a Casa Branca anunciou tarifas comerciais pesadas sobre produtos colombianos.
Diante das ameaças, Petro cedeu e aceitou os voos. No entanto, antes da resolução, o presidente colombiano chegou a publicar nas redes sociais que resistiria à pressão de Trump. A disputa só terminou quando as tarifas foram suspensas, mas o governo dos EUA manteve restrições, como a limitação de vistos para colombianos até o primeiro voo de deportação ser realizado.
No Brasil, a situação também gerou fortes reações. Um voo que trouxe 88 brasileiros deportados de volta ao país causou polêmica. Os deportados relataram abusos, como o uso excessivo de algemas e maus-tratos durante o voo. Em resposta, o governo brasileiro criticou as condições e exigiu explicações das autoridades americanas.
O Itamaraty divulgou uma nota em que repudiava as práticas, destacando que elas violavam acordos firmados entre os dois países. As denúncias incluíam relatos de agressões por parte de agentes de imigração e condições desumanas durante o transporte, como falta de alimentação e higiene.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, acompanhou o desembarque em Belo Horizonte e demonstrou preocupação com as condições em que os deportados foram tratados. Ela afirmou que, caso as deportações se tornem mais frequentes, um posto de atendimento humanitário será criado no aeroporto.
A situação também gerou reações em outros países da América Latina. A presidente de Honduras, Xiomara Castro, convocou uma reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para discutir o impacto das deportações.
De acordo com dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA, o Brasil tem sido um dos países mais afetados pelas deportações, com um aumento significativo no número de repatriações durante o governo Biden. Brasileiros representam uma parte significativa dos deportados, superando o número de outros países na gestão Biden.
O episódio marca a primeira grande crise diplomática de Trump com a América Latina e coloca em evidência os custos políticos das políticas de imigração do governo dos EUA.