22 de dezembro de 2024
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Editorial

Eleitores de Dilma acreditam, agora, que ela sabia da corrupção na Petrobras

Maioria dos brasileiros acredita que Dilma sabia de corrupção na Petrobras, mas não querem a privatização da companhia.

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A grande rejeição ao governo Dilma tem como fundo a decepção com as mentiras recitadas como um mantra durante a campanha política. A Operação Lava Jato jogou por terra a pretensa inocência da presidente. Conforme apurou pesquisa Datafolha publicada neste domingo (22), as inverdades iam além do prometer que a economia estava em descontrole, que os trabalhadores não seriam afetados nos projeto de desenvolvimento para seu segundo mandato, as inverdades eram sobretudo sobre o conhecimento de Dilma Rousseff (PT) sobre a corrupção desenfreada da Petrobras.

De acordo com a pesquisa, 84% dos brasileiros acreditam que a presidente Dilma tinha plena ciência sobre a corrupção na Petrobras, mas 61% dos entrevistados .se posicionaram contra a privatização da companhia, enquanto 24 % defenderam sua venda.

A pesquisa indica que 61% dos brasileiros acreditam que a presidente sabia da corrupção na Petrobras e, ainda que tivesse poderes para estancar , deixou que ela ocorresse; 23% apesar de considerarem que Dilma sabia dos desvios, acreditam que ela não podia fazer nada para evitá-la; 10% disseram que acreditam no desconhecimento inocente da presidente, e 6% não souberam responder.

Do grupo de eleitores de Dilma (no segundo turno), 74% responderam que a presidente sabia da corrupção; entre os que votaram em Aécio Neves (PSDB), o índice é de 94%.

Privatização

Sobre a privatização da companhia petrolífera, 61% responderam serem contrários, 24% favoráveis, 5% indiferentes e 10% não souberam responder.

A privatização da companhia é rejeitada pela maioria da população em todas as regiões do país e em todos os níveis de renda, escolaridade, idade, inclinação política.

Imagem

A imagem do país será arranhada a partir do fato de a maior empresa do país e uma das maiores do mundo ter sido alvo da corrupção em benefício de partidos e pessoas. Dos entrevistados, 88% que a Petrobras será prejudicada.

A pesquisa

O Instituto Datafolha entrevistou 2.842 eleitores na segunda-feira e na terça-feira desta semana, depois das manifestações que no domingo levaram às ruas de todo o país cerca de dois milhões de pessoas para protestar contra a corrupção e a gestão da presidente Dilma Rousseff.

A manifestação

A manifestação de domingo, comportou todos os grupos e cada qual direcionava sua insatisfação em uma direção. Em Campo Grande, produtores rurais pediam políticas mais consistentes para a categoria; poucos pediam pela volta dos militares, ou por não terem vivido durante a ditadura, ou porque se beneficiaram dela; profissionais do direito elogiavam o juiz Sérgio Moro, o trabalho da Polícia Federal, a posição do Ministério Público Federal, e o repúdio pela presença do ex-advogado do Partido dos Trabalhadores, ministro Dias Toffoli, como presidente da corte que julgará os envolvidos no Petrolão; a grande maioria queria apenas o final da corrupção em todos os níveis; o inconsciente coletivo quer o impeachment da presidente.

Sozinha

Conforme ótimo e providencial artigo do premiadíssimo jornalista Claudio Tognolli, publicado em seu Blog no Yahoo, sob o título "Saiba por que Lula sumiu: há método nessa loucura", e repercutido no Blog de Carlos Brickmann, o autor destaca que “quando Chávez agonizava em praça pública, e o Mensalão queimava o PT, o vulgo (Cláudio Tognolli) notava que Fidel e Chávez eram os mortos a se fazerem de vivos — e Lula o vivo a se fazer de morto. Lula voltou a se fazer de morto. Mas, como diria Shakespeare, em Hamlet, há método nessa loucura.

E Claudio, conclui com as informações que lhe foram passadas por fontes confiáveis: nunca antes na história desse país você terá visto tanta síndrome de 'a língua o gato comeu'. Com todo mundo agachadinho, sobra Dilma, o poste do planalto (apud Lula), na mira dos brazilian snipers (atiradores de elite brasileiros – livre tradução).

E conclui lembrando o finado senador Antônio Carlos Magalhães, que sobre a situação política da presidente: Dilma está vivendo a solidão do poder.

Ainda pode piorar

Não bastasse o mutismo do maior líder do PT, em festa pela comemoração aos 70 anos de Marta Suplicy, sexta-feira (20) em São Paulo, com a presença do vice-presidente Michel Temer, do ex-presidente José Sarney, ministro das Minas e Energias, Eduardo Braga, entre tantas autoridades, o comentário indicava que Dilma tem 20 dias pra romper o isolamento político, reestruturar seu governo e apontar caminhos para sair da recessão econômica.

O prazo coincide com a data marcada para a segunda onda de protestos nacionais (12 de abril). A avaliação feita por políticos é a de que Dilma terá que apresentar medidas mais concretas antes de pedir um voto de confiança à população.

O único petista presente era o senador Delcídio do Amaral. Marta que circulava pelas mesas, tentava explicar a ausência de petistas, atribuindo ao fato de estar se desligando do partido (deverá ingressar no PSB), mas senadores petistas diziam nos dias anteriores não terem sido convidados.

Marta explicou seu afastamento dizendo que desde 2014 viu com clareza que a presidente não teria condições de conduzir a economia e a política num novo mandato. “O PT acabou, Aquele partido que eu ajudei a fundar fazendo reuniões na minha casa, indo de porta em porta, em assembleias, ele não existe mais”, disse Marta.