Num contexto de crise entre os três poderes, que gera manifestações antidemocráticas, o Dia da Independência é marcado em Brasília pela chegada de cerca de 4 mil mulheres de 150 povos originários que desembarcam na Capital Federal. O objetivo é a Segunda Marcha das Mulheres Indígenas, que deve terminar sábado (11.set.2021).
CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA
Na véspera da Independência nacional, manifestantes "invadiram" a Esplanada, ameaçando invasão ao STF nesta 3ª feira (07.set.2021). Desde domingo (05.set.2021) o trânsito da região estava fechado, mas a PM cedeu à pressão dos manifestantes e liberou o bloqueio. Isso permitiu que carros descessem em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal.
Segundo informações da Agência Folhapress, na manhã de hoje (07.set), os bolsonaristas tem agredido com socos jovens que são considerados por eles como "infiltrados".
Pelo menos dois jovens foram empurrados e agredidos com socos nas costas, chamados de "petistas", por entrevistarem manifestantes com uso de celulares.
Com isso, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora da mobilização, aderiu ao esquema de segurança proposto pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), por temerem ataques de defensores da política anti-indígena conduzida pelo governo Bolsonaro, de acordo com o portal Brasil de Fato.
“Não vou generalizar, mas são pessoas que têm demonstrado um ódio muito fluido, que não têm escrúpulos em nos atingir. Então a gente vai se resguardar de uma agenda de violência que está anunciada”, diz Christiane Julião do povo Pankararu de Pernambuco, que é uma das organizadoras da Marcha, em referência aos partidários de Bolsonaro.
Para Christiane, fica sim o medo e insegurança no dia, marcado pela recepção das caravanas que vêm de diversas regiões do país. "Mesmo assim, a gente está aqui firme. Acreditando no nosso propósito de lutar por aqueles que nos antecederam, garantiram nossos territórios. A gente continua nessa luta, cobrando essa dívida histórica no Brasil”, diz ainda.
MULHERES INDÍGENAS
Essa 2ª Marcha vem sob o tema "Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”, em tentativa de sensibilizar o STF que, amanhã (08.set.2021) volta a julgar o “marco temporal”, a tese jurídica defendida pelo presidente, que impede indígenas de reivindicarem terras não ocupadas até a data da promulgação da Constituição Federal de 1988, restringindo processos de demarcação.
Em resposta, a assessora jurídica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Paloma Gomes, aponta que: "caso a tese seja referendada, teremos a paralisação das demarcações e certamente pedidos de revisões de terras já demarcadas".
Caravana de quatro mil mulheres se junta aos cerca de mil indígenas em Brasília, que sobraram do acampamento "Luta Pela Vida", iniciado em 22 de agosto reunil 6 mil pessoas, a maior mobilização indígena da história do Brasil, segundo a organizadora do evento Apib.
"Nós teremos ainda mais a ausência de políticas públicas destinadas aos indígenas, teremos mais violência, mais expulsões dos povos originários. Enfim, um processo de absoluto extermínio da cultura e dos povos indígenas no nosso pais", completa ela.