21 de março de 2025
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SAÚDE PÚBLICA

Brasil registra mais de 340 mil internações por falta de saneamento

Dengue e doenças feco-orais lideram os casos, com impacto maior em populações de baixo poder aquisitivo; mortalidade também preocupa, especialmente entre idosos e indígenas.

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O Brasil registrou, em 2024, mais de 344 mil internações por doenças ligadas ao saneamento inadequado. Destas, 168,7 mil foram relacionadas a infecções transmitidas por insetos-vetores, como a dengue.

Em segundo lugar, com 163,8 mil casos, estão as doenças feco-orais, como as gastroenterites causadas por vírus, bactérias e parasitas. Os dados são de uma pesquisa do Instituto Trata Brasil, divulgada nesta quarta-feira (19), antes do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.

Apesar do grande número de internações, a taxa de registros tem diminuído desde 2008, com uma queda anual média de 3,6%. Mesmo assim, algumas regiões ainda enfrentam altos índices de incidência dessas doenças.

Em 2024, a Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de internações do Brasil, com 25,5 casos por dez mil habitantes, devido a um surto de dengue. No Norte, a taxa de doenças feco-orais foi o dobro da média nacional, com 14,5 internações a cada dez mil habitantes.

Os estados com maior incidência foram Amapá, com 24,6 internações, e Rondônia, com 22,2. A Região Nordeste teve uma taxa média próxima à do Brasil, mas se destacou com a segunda maior taxa de doenças feco-orais, especialmente no Maranhão, onde a incidência foi seis vezes maior que a média nacional.

Essas doenças estão fortemente ligadas à falta de saneamento básico. A transmissão de vírus, bactérias e parasitas se dá principalmente pelo consumo de água e alimentos contaminados, além da falta de higiene nas mãos. O acúmulo de lixo também favorece a proliferação de insetos vetores.

O Instituto Trata Brasil destaca que as populações de menor nível socioeconômico são as mais afetadas por essas doenças. Em 2024, 64,8% das internações foram de pessoas pretas ou pardas, enquanto os indígenas, embora representando apenas 0,8% do total, tiveram uma incidência de 27,4 casos por dez mil habitantes.