Nesta 3ª-feira (8.nv.2020), completarão os mil dias desde os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes e novas pistas surgiram no intrincado quebra-cabeças em que se transformou o caso. Uma delas pode levar ao responsável pela clonagem do Cobalt usado na emboscada às vítimas, em março de 2018.
Segundo os investigadores, Eduardo Almeida de Siqueira, morador da Muzema, favela dominada pela milícia, clonou um veículo com as mesmas características do carro dos assassinos entre janeiro e fevereiro daquele ano, portanto, próximo ao mês do crime. Coincidência ou não, Bruno Castro, advogado de Siqueira, também defende o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de atirar em Marielle e Anderson.
Siqueira admitiu que já clonou vários veículos, inclusive um Cobalt prata, ano 2014, semelhante ao carro dos executores, em depoimento na Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, em 3 de julho de 2018. Porém, esse detalhe ficou esquecido nas milhares de páginas do inquérito. Ao revisitar as folhas iniciais, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio teve sua atenção voltada para as informações prestadas pelo acusado e o fato de ele e Lessa terem o mesmo defensor. Castro atua num processo de Siqueira no 3º Tribunal do Júri, por outra clonagem.
Além da pista em questão, a polícia trabalha com o suspeita de que a ordem para matar Marielle partiu do ex-bombeiro, ex-vereador e miliciano Cristiano Girão. O objetivo seria se vingar do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL). Girão era um dos nomes na lista da CPI das Milícias, em 2008, presidida por Freixo. O miliciano ficou preso até 2017, um ano antes do crime.
O MP também aguarda o julgamento de três recursos extraordinários no Supremo Tribunal Federal (STF). O Google recorreu da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou o fornecimento de informações às autoridades fluminenses. Para o MP, os três pedidos são fundamentais para esclarecer o crime. Um deles diz respeito à entrega da lista de pessoas que pesquisaram na ferramenta de buscas o nome “Marielle Franco”, entre 10 e 14 de março de 2018. Em outro pedido, a empresa se nega a informar os IPs dos usuários que cruzaram o pedágio da via Transolímpica (Recreio-Deodoro), no dia 2 de dezembro daquele ano, última vez em que o carro dos assassinos foi visto.
Por último, o Google pede à Corte para identificar os polígonos referentes às coordenadas geográficas do trajeto percorrido pelos veículos das vítimas e dos executores, da a Casa das Pretas, no Centro, onde Marielle participou de um evento no dia de sua morte, até o local da execução.
Fonte: Veja a reportagem de Vera Araújo e Chico Otavio no Extra Online.