Pernambucano que no ano 2.000 veio para Mato Grosso do Sul, o tenente-coronel Cleiton Douglas da Silva, de 45 anos, assumiu nesta 6ª.feira (17.mar.23), o comando da Polícia Militar Ambiental do Estado (PMA-MS), em substituição ao tenente-coronel José Carlos Rodrigues.
Em entrevista ao MS Notícias, Cleiton revelou detalhes da sua trajetória, seus planos no comando e que, apesar de ser nordestino, seu respeito e admiração por MS vem no encalço do quão importante a fauna daqui é para sua vida e história. “Eu era sargento do Exército e vim transferido para Aquidauana. Na época, fui visitar uns amigos na Vila dos Sargentos. Me sentei numa roda para tomar pela primeira vez o tereré. Lembro que foi padrão: experimentei a bebida e passei (risos), mas aonde eu quero chegar: quando eu olho para cima, assim, eu vejo duas araras comendo numa árvore,pertinho da gente. E aquilo para mim foi e até hoje é inesquecível, porque eu sou recifense e foi a primeira vez na vida que vi uma arara em vida livre. Antes, eu havia visto dentro de um zoológico”, introduziu o comandante.
Com 23 anos na época do seu 1º avistamento de araras, o comandante ainda não sabia que aquela fauna abundante que lhe impressionara, viria a se tornar sua responsabilidade profissional. “Eu achei inacreditável aquelas araras ali, comendo tranquilas. Não tinham medo da gente, completamente livres. Logo em seguida comentei com os colegas que nunca havia visto aquela ave naquelas condições e nisso passou um tucano voando baixinho... Então assim, Mato Grosso do Sul remete a nós da Polícia Ambiental uma responsabilidade, que a gente carrega ela com orgulho. Quando vemos toda essa grandiosidade, assumimos de verdade uma missão. Todo policial que entra na polícia ambiental, não mais vai embora. Não vai, por conta do quão gratificante e realizador é ter uma missão aqui concluída”, opinou.
“A satisfação de cumprir uma missão e ajudar todo nosso meio é maravilhosa. Foi sob esses sentimentos que entendi que aqui era meu lugar e graças a Deus hoje assumo o comando. É muita felicidade e satisfação para um homem só”, externou.
O NOVO COMANDO
Legalista, o novo comandante disse que assim será norteada a PMA-MS em sua gestão. “Me julgo um gestor que segue a lei. E como Policial Militar, também somos encarregados da aplicação da lei. A lei é nossa referência. Vale lembrar que embora façamos a fiscalização ambiental, a Polícia Militar é uma polícia preventiva. É uma polícia que busca se antever ao crime e não existe um referencial para nós que não seja a lei”.
Ele também citou quais serão os caminhos estruturais que a policial ambiental deve seguir sob seu direcionamento. “Os três pilares do meu comando vão ser foco na nossa missão. Conhecimento, precisamos buscar especialização a todo momento; e inovação, sobretudo inovação tecnológica! Nós, PMAs, sabemos navegar e quebrar o mato no peito. Sabemos rastrear um desmatamento. Sabemos acompanhar um cardume... O que precisamos agora é aprender a usar a inovação e a tecnologia em nosso favor”.
A PMA tem 27 Subunidades que atendem os 79 municípios do estado. O batalhão completará 36 anos neste domingo (19.mar.23), sendo uma das unidades de segurança de maior importância para o estado. “Minha missão aqui é continuar o trabalho que nasceu no combate aos coureiros, lá no passado. Claro, agora de uma forma muito mais ampla, atual, tecnológica, mas que no final objetiva proteger os nossos recursos naturais, nossa vida e ao mesmo tempo, proteger a nossa produção. É fazer com que o trabalho da PMA valha à comunidade. Minha missão, quando eu der por encerrada é saber que desde que o batalhão estava sob o meu comando, conseguimos cumprir a nossa função de sermos guardiões do meio ambiente”, considerou.
Para o novo comandante, a PMA é mais do que um ente de segurança é também um referencial para a sociedade. “Estamos aqui servindo com uma única missão. Qual é? Proteger o meio ambiente de Mato Grosso do Sul. Cada policial que trabalha no nosso batalhão tem essa exata noção. Não se trata apenas de dever, é satisfação e muita responsabilidade também”, anotou.
Ele disse que a PMA seguirá protegendo o que torna MS único em relação às demais unidades da federação. “O que nós vemos aqui, já não vemos em muitos outros estados. Nós temos rios vivos, nossos rios são vivos! Aqui se tira um peixe dos rios com 1 metro e 80. Em comparação, em estados vizinhos se tem o mínimo de ictiofauna viva, quando tem! Alguns estados não têm nem alga, mais. A grande missão é honrar o trabalho de todos esses policiais que estiveram antes de nós, lutando, batalhando. Alguns tombaram, outros continuaram na missão. É isso que a gente quer, chegar ao fim sabendo que conseguimos fazer o máximo em prol do nosso meio ambiente. E manter Mato Grosso do Sul como detentor dessas marcas, de meio ambiente vivo, protegido e principalmente, com a interação da população sul-mato-grossense”, mirou.
VERDE, DIGITAL E TECNOLÓGICO
Por hora, o aumento do efetivo não é a demanda da PMA. O novo comandante, avaliou que a tecnologia, se bem aplicada, poderá reduzir custos e dar condições aos 335 policiais ambientais, distribuídos por 27 quartéis em 20 municípios, de fiscalizar os 357.124,96 km², sendo 86.260 só de Pantanal. “Hoje nós temos drones, mas o equipamento não pode ser utilizado pela Polícia Militar Ambiental apenas como uma câmera que vê de cima, né? Nós temos softwares que vão produzir o conhecimento que a gente necessita. Temos drones, há 1 ano já usamos drones e câmeras termais. Então, aquele trabalho que a gente faz, de vigilância noturna nos rios, atribuindo um nível de risco às vezes maior ao policial do que o que ele deveria estar sendo submetido, hoje eu faço esse trabalho com drones termais. Eu consigo chegar naquele ponto que sei que é um hotspot de pesca predatória, por exemplo, um local de uso de tarrafas, onde os tarrafeiros vão... nós sabemos, infelizmente temos pontos assim! Mas eu consigo à noite, de cima, com uma câmera termal, fiscalizar e planejar minha ação para realizar a operação. Nós precisamos usar mais isso, o digital e o tecnológico”, orientou.
O chefe da PMA adiantou que já estão sendo feitos estudos para a criação de um sistema de gerenciamento de informações ambientais ligadas à operação da PMA. “Também estamos com um projeto para a criação do nosso núcleo de georreferenciamento, que está em voga em parceria com o Ministério Público Estadual. Então, vamos conseguir trabalhar o geo como uma ferramenta para a produção de informação e de conhecimento para atividade policial. Ferramenta importantíssima, que vai fazer com que a gente consiga trabalhar de uma forma muito mais à frente no que tange nosso território. Podemos utilizá-los por meio de um programa de inteligência que vai gerar mapeamentos de pontos de pesca predatória, locais de desmatamento, locais onde estão sendo feitas queimadas... enfim, a tecnologia fazendo com que nós consigamos nos antecipar”.
“Tecnologia para nós é um pilar e vamos buscá-la a todo momento, para otimizar o nosso trabalho e diminuir os nossos custos”, definiu.
AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
Para o comandante Cleiton, o trabalho da PMA é peculiar e tem dois lados, um que combate a degradação e outro que orienta os produtores. “A Serra de Maracaju corta nosso estado de forma diagonal. Do lado da Bacia do Paraguai, que é a Bacia Pantaneira, nessa planície você vai ter uma exuberância de recursos naturais. Inclusive o Pantanal está lá, 60% do Pantanal é nosso. Se você vem para o lado direito, que é a Bacia do Paraná, está justamente o lado produtivo do Mato Grosso do Sul. Você tem desde o Sul, um grande celeiro, que hoje sobe para o Norte. Nós já estamos em cima aqui, muita plantação, muita produção. Então, eu falo que Mato Grosso do Sul, ele tem um muro no meio e nós ficamos em cima desse muro. Uma hora a gente está olhando para o que precisa ser preservado e do outro lado a gente olha para que esse aproveitamento do que é natural, seja do solo, seja da flora... que essa produção, ela não passe dos limites que podem passar, para que não entremos numa condição de desequilíbrio”, detalhou.
No comando da PMA, o tenente-coronel adiantou que fará atendimento de igual para igual com o ambientalista e o produtor rural. “Nós estamos aqui para nos relacionar desde o ambientalista até o produtor. Todos tem um valor específico no cenário. Sabemos que a produção é fundamental para o nosso estado e para nosso país, mas sabemos também que existem limites. Existe uma legislação ambiental que faz com que se tenha um topo. É assim que vamos trabalhar politicamente com produtores e ambientalistas. Uma palavra que traduz o que une produção e proteção é a sustentabilidade. Nós fazemos parte desse ambiente e também precisamos da produção dele, então precisamos utilizá-lo com responsabilidade. Quero que meus filhos e meu netos vejam tudo o que vi aqui”.
PREVENÇÃO
O comandante pontua que a imagem de que a polícia é o “martelo para o prego” já se faz ultrapassada, que a atuação da PMA se dá sim no âmbito da repressão, mas o trabalho mais robusto está sendo feito na prevenção. “Sempre se imagina que a polícia é o martelo que bate no prego. Eu penso bem diferente, temos que fazer a atividade preventiva. As ações da PMA tem sim obtidos muitos êxitos, com expresso apoio da população. Nós temos os braços de repressão, mas fazemos de tudo para que o braço preventivo e de educação ambiental seja mais forte, porque existe uma análise que diz que se você reprime muito, você falhou na prevenção e na educação”.
De acordo com o comandante, um dos mecanismos usados na conscientização e na educação social em prol do meio ambiente é o Projeto Florestinha, um trabalho socioambiental desenvolvido pela PMA, o qual trabalha com crianças e adolescentes carentes de 7 a 16 anos, tirando-lhes ou evitando que caiam nas ruas, dando-lhes a chance de ter uma profissão e ensinando-lhes a serem cidadãos com sensibilidade ambiental. O Projeto iniciou em 23 de novembro de 1992 na Capital, na época, com 50 crianças, em instalações localizadas em uma reserva ambiental de 177 hectares, no bairro Jardim Presidente, denominada Mata do Segredo. “O projeto existe há 30 anos, estamos melhorando para alcançar maiores objetivos... temos a expedição de educação ambiental, que ocorre hoje em Corumbá, são 5 dias que ela sobe o rio de Porto Índio até a Aldeia Guató. Começou como uma expedição ambiental, mas hoje já tem praticamente um caráter de ação cívico-social, porque várias instituições se envolveram. O Ministério Público, Poder Judiciário, Ongs, Saúde, Secretaria de Educação... Então, virou uma grande ação cívico-social. Nós visitamos todas as comunidades ribeirinhas, estamos na 7ª edição e a cada ano só traz bons resultados, com relação ao combate a atividade contrária a prevenção. Cada vez mais estamos alcançando essa criança, o filho do ribeirinho para dizer para ele que tudo aquilo ali é dele e que nós não somos inimigos. Porque, a contrainteligência cria essa ideia que a Polícia Militar Ambiental é para... não! A Polícia Ambiental está ali para andar de mão dada com o cidadão e proteger aquilo que ele é o grande aproveitador, o vivente que se utiliza daquele meio”, observou.
CREDENCIADO NOS MUNICÍPIOS PANTANEIROS
Cleiton chegou como sargento do Exército, vindo transferido do Piauí para Aquidauana. Trabalhou 5 anos em Aquidauana e no ano de 2006, prestou concurso para a Polícia Militar e passou para o curso de formação de oficiais da Polícia Militar. Deu baixa no Exército, fechando praticamente 10 anos de serviço nas Forças Armadas.
Em 2006 ele foi para a academia de oficiais na Paraíba e lá fez o curso de formação de oficiais na Academia de Polícia Militar do Cabo Branco, que fica em João Pessoa. Na época, não existia ainda a academia no Mato Grosso do Sul. Ele se formou em 2008 e voltou para MS.
“Trabalhei até setembro de 2009 no 1º Batalhão em Campo Grande, como aspirante... Sendo promovido a 2º Tenente, eu fui para Corumbá, trabalhar no 6º Batalhão de Polícia Militar. Em Corumbá, desempenhei algumas funções; fui Comandante do Pelotão de Polícia Militar em Ladário e fui Comandante da Base Comunitária de Corumbá. O sistema PRONASCI [Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania], naquele tempo, do Governo Federal, estava muito forte. O programa de policiamento comunitário era uma diretriz do governo federal, então os estados abraçaram, e foi um momento que Mato Grosso do Sul se destacou muito no policiamento comunitário, na época em que eu comandava a base comunitária em Corumbá”, explicou.
A relação do tenente com o meio Ambiente viria a ter início em 2010. “Saindo de Corumbá, no final de 2010 eu fui convidado para ir para a Polícia Militar Ambiental, assim começa a minha a história na Polícia Militar Ambiental”, contou.
Antes, Cleiton era um oficial de atividade de rua e foi comandante da Força Tática em Corumbá. Na época, trabalhou na área de fronteira, interrompendo essa atividade ao ser chamado para chefiar uma equipe da PMA. “Recebi esse convite para comandar a Polícia Ambiental em Miranda. Aqui no nosso estado, para você vir para a Polícia Militar Ambiental, você precisa ser convidado para tal. Em dezembro de 2010 fui para Miranda, iniciando as atividades em 2011, no pelotão de Miranda. Começando a trabalhar com Meio Ambiente eu me encontrei, me apaixonei por aquela atividade. Miranda é um lugar que te dá muita possibilidade de várias atividades, com relação ao policiamento ambiental. Seja rio, seja mineração, seja fauna, seja flora, seja rodovia, né? Temos muitas apreensões de drogas no pelotão de Miranda, que fica às margens da Rodovia indo para Corumbá. Em Miranda, eu fiquei aproximadamente 3 anos como Comandante da Polícia Ambiental”, explicou.
Depois de encontrar-se como agente de segurança da mais importante riqueza do Estado, Cleiton foi em busca de conhecimento sobre o que agora havia se tornado sua paixão. “Me especializei, fui para São Paulo fazer curso de policiamento ambiental. Fiz o nosso curso também, aqui da nossa polícia. Naquele ano, em 2013, também fui fazer o curso do DOF – porque eu queria fazer um pouco do conhecimento da área da fronteira para dentro da Polícia Militar Ambiental – porque, eu sempre fui um dos instrutores aqui da PMA”, contou.
Em seguida, após três anos em Miranda, Cleiton foi para o Comando em Aquidauana. “Digo que aí eu estava começando minha carreira na PMA... Cheguei tenente, fui comandar Aquidauana, onde fiquei pouco menos de dois anos. De Aquidauana, fui convidado para comandar a companhia de Polícia Militar de Corumbá... Então, eu já tinha trabalho em Corumbá na Rua e voltei agora para comandar a Companhia de Polícia Ambiental. Era um sonho comandar a PMA de lá, porque lá é nosso berço, é onde a PMA nasceu. Então, tem uma força histórica muito grande lá”, disse. No Comando da PMA da cidade Branca ele permaneceu por dois anos.
Então surgiu novo convite de que ele retornasse para Aquidauana, para onde voltou e ficou no comando da PMA por mais dois anos. “Logo em seguida, surgiu a oportunidade de trabalhar comandando a companhia de Bonito, que também é uma das nossas cidades destaques... são os grandes núcleos da região Pantaneira...”. Na cidade turística sul-mato-grossense, o Tenente comandou a PMA por dois anos, até que solicitaram que retornasse à Corumbá, dessa vez, entretanto, para comandar a PM.
“Me convidaram para comandar a PM de Corumbá, do Batalhão que eu tinha sido Tenente... Fiquei em torno de 4 meses, porque mudou o comando da Polícia Militar. E hoje, o nosso comandante-geral, passou a ser subcomandante-geral. E ele ligou para mim e falou: Cleiton, eu preciso de você! Falei: Coronel, mas eu estou aqui há 4 meses. Ele falou: é, por isso que eu preciso de você! Semana que vem você vai ser transferido para ser subcomandante da Polícia Militar Ambiental. Falei: claro, estamos prontos!”, narrou. Então, em 2020 o Cleiton chegou em Campo Grande. “Aí já se vão mais de dez anos! Vim para cá, assumi o subcomando com o tenente Coronel Rodrigues, ficando com ele até agora. Aí o Tenente Coronel Renato ascendeu para o Comando-Geral da nossa corporação, ele também me promoveu para ser o comandante do Batalhão”.
O percurso de Cleiton na PMA, com isso, completará 13 anos. De tenente ao comando do batalhão do estado.
EXEMPLO EM OPERAÇÃO
Provocado a falar sobre o porquê a PMA tem ações tão exitosas, sem quase incidência de conflitos armados, Cleiton disse acreditar que a entidade ambiental passou por ciclos mais repressivos e agora, entrou numa fase de conscientização. “Iniciamos com um ciclo muito repressivo, o Iname naquele tempo precisou de um apoio armado, de choque, para que ele conseguisse fazer a proteção desse Meio Ambiente. A partir daí foram selecionados alguns policiais militares que queriam bancar aquela missão, porque até hoje é um território inóspito, de difícil acesso... Nosso 1º ciclo foi de embate, onde não existia nenhum conhecimento da PMA com relação ao Meio Ambiente, mas existia o conhecimento do enfrentamento, daquilo que nós somos preparados... Temos sim nossa veia preventiva, nós somos a polícia preventiva, mas ao mesmo tempo uma polícia que está preparada para o combate, para a repressão e foi isso que nós fomos fazer lá”, relembrando o período em que haviam conflitos entre os coureiros e as polícias ambientais no território pantaneiro. “Era condição que em geral era desfavorável, porque o coureiro estava lá nos esperando. Entrávamos numa desvantagem, mas isso foi um ciclo. E acredito que foi a partir daí que a Polícia Militar começou entender que existia a necessidade de se ter um braço de Polícia Militar protegendo essas riquezas. E aí os nossos policiais mais antigos começam a se interessar por essa atividade. Então, eu quero imaginar que para todos aqueles que tinham qualquer intenção com relação ao meio ambiente; degradação, destruição... eles passaram a entender que agora eles tinham alguém que cuidava do meio ambiente e que estava preparado e disposto para defendê-lo de todas as formas que fossem necessárias. E a partir daí a PM foi se interessando cada vez mais pelo meio ambiente e passou a buscar conhecimento, deixando de ser apenas um combatente, passando a entender de meio ambiente. Essa capacitação não tem fim, ela é permanente. Aqui nasce um novo ciclo”, considerou, avaliando que a Constituição também amadureceu, dando condições de a PMA proteger as riquezas naturais do estado.
A destinação de oficiais dedicados à proteção ambiental e o conhecimento amplo do que é meio ambiente, para Cleiton, também auxiliou nos bons resultados das operações. “Em 87, 88, tivemos uma turma de concurso público que foi totalmente direcionada para Polícia Militar Ambiental, que até então, não era Polícia Militar Ambiental, era Polícia Florestal... porque, se tinha aquela ideia de que meio ambiente, era proteger florestas e mananciais, isso era proteger o meio ambiente antigamente. Essas duas turmas de concursos específicos para polícia ambiental, tudo isso acontecendo em Corumbá... Depois dessa turma, passamos a ter equipes se especializando, não era mais apenas uma força de apoio... De Corumbá, todas essas guarnições, agora especializadas em proteger o meio ambiente, saiam para todo o estado de Mato Grosso do Sul. Esses policiais voltavam com 20, 30 dias fazendo esse policiamento ambiental ostensivo”, lembrou, destacando que tudo isso trouxe a PMA ao atual local de excelência. “Chegamos ao hoje com conhecimento e com especialização. Chegamos aqui, um passo à frente da criminalidade ambiental”, completou.
Para Cleiton, a agenda ambiental no cenário mundial a cada dia se tornará mais importante. “A cada dia ganha mais força, mais importância porque todos começam a ver que a gente precisa de um lugar equilibrado, um favorável para a gente viver. E quanto mais se proteger o meio ambiente, mais vamos manter esse equilíbrio. A natureza sempre vai buscar equilíbrio. Nós, o homem, é fator de desequilíbrio. A natureza, não”.
O novo comandante finalizou dizendo que as ações exitosas da PMA nesses 36 anos de existência da entidade, passaram inevitavelmente pela especialização e autonomia. “Quando saiu desse simples apoio de força, ou seja, o técnico-ambiental ia lá fazer o trabalho dele e a gente estava aqui com as armas... quando saímos dessa posição e entrou para a condição de protetora do meio ambiente, como diz a nossa marca: ‘Guardiã do Meio Ambiente’. Então tirou o pano de fundo e conseguimos ver, havia muita coisa a ser protegida. Não era só combater coureiro para proteger os jacarés. Não existe jacaré sem habitat para o jacaré. Acredito que nesse momento nasce esse sentimento que hoje todos os integrantes da Polícia Militar Ambiental tem, de realmente ter a sensação de que você está fazendo algo que é útil para sociedade e para nós mesmos”.