28 de dezembro de 2024
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Funcionário revela que Beef Nobre está sendo reformado para ser arrendado

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Depois de divulgar, com exclusividade, que o frigorífico, localizado em Campo Grande no Jardim Carioca, Beef Nobre irá encerrar as atividades em abril e que provavelmente deve ser arrendado pelo grupo JBS-Friboi, o MS Notícias, tentou mais uma vez conversar com o proprietário da empresa Reginaldo da Silva Maia para saber detalhes da transação, mas não obteve sucesso.

Porém, hoje pela manhã, a reportagem localizou um funcionário da empresa que se identificou como membro da administração chamado Dorileo, que confirmou ao site o encerramento das atividades, porém negou que o frigorífico tenha dívidas e que ele pode ser arrendado para o grupo JBS.

"Vamos fechar por decisão da família por dificuldades financeiras que existem hoje mercado, mas nenhum funcionário será prejudicado”. Segundo Dorileo, os funcionários receberam aviso prévio esta semana e que as atividades de abate do frigorífico serão encerradas dia 14 de abril, porém o Beef Nobre permanecerá funcionando até dia 19 do mesmo mês.

Dorileo negou que o frigorífico será arrendado e ratificou que a empresa não possui dívida, alegando inclusive, que toda compra de gado é feita sempre à vista. Sobre o fato do proprietário da empresa ser um dos investigados na operação “Labirinto de Creta” da Polícia Federal que investigou empresários do setor suspeito de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e falsidade ideológica, que causaram prejuízos de R$ 200 milhões aos cofres públicos.

Reginaldo foi preso no dia 12 de dezembro em Campo Grande. A polícia na época identificou que a empresa aparecia em nome de laranjas, um deles é José Antonio Ferreira de Souza, morador de modesta casa em Nioaque, onde Reginaldo também possuía um frigorífico.

Porém, hoje, um funcionário do frigorífico disse ao MS Notícias que nem todos os trabalhadores da empresa receberam aviso prévio. Segundo ele, que a equipe do setor de máquinas ainda não assinou documento de aviso prévio.

No entanto, ao contrário do que alega a empresa, que sustenta a informação de que encerrará as atividades por tempo indeterminado e não será arrendada por outro grupo, este mesmo funcionário revela o local está passando por reformas e que uma nova balança foi adquirida recentemente. Ele ainda diz que ao longo dos últimos dias caminhões com caixas lacradas têm chegado ao frigorífico.

?Ainda segundo relatos de funcionários, há alguns meses a diretoria do Beef Nobre terá recebido a visita um grupo de investidores árabes juntamente com representantes do grupo JBS, e que dias após a visita foi anunciado o fechamento da empresa. Ele conta que letreiros com escritos em árabe foram colocados no frigorífico há poucos dias.  “Pode ser que arrende porque está sendo feita uma reforma”, disse.

Expansão da JBS e conexão política do grupo 

A JBS em 62 anos conseguiu sair de uma empresa familiar para se tornar o principal grupo do mercado frigorífico brasileiro. Aexpansão da empresa se deu em razão das suas aquisições financiadas pelo grupo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Mais de R$8 bilhões de dinheiro público foi investido no grupo nos últimos anos. A injeção bilionária do banco estatal deu fôlego para a empresa adquirir novas ações e plantas, e monopolizar o mercado da carne no país.

Hoje, a empresa dita política de preços, e com isso força baixas muito aquém dos elevados custos da produção agropecuária. O resultado disso é o fim das atividades nos pequenos frigoríficos que não conseguem rendimento.

Nos últimos anos, a JBS vem adquiridos frigoríficos em todo Brasil, e muitas das transações foram realizadas sem terem sido devidamente notificadas junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica que em abril de 2014 determinou que a empresa comunique o Conselho sobre qualquer operação de compra de frigoríficos durante 30 meses para garantir fiscalização das ações.

A JBS-Friboi foi a maior doadora da campanha eleitoral de 2014 – para todos os partidos e candidatos - ultrapassando a cifra de R$ 50 milhões. Esta semana, o grupo se tornou a maior empresa privada do país, com uma receita líquida de R$ 120 bilhões.