24 de dezembro de 2024
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Fungo ameaça as lavouras de soja

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Um velho inimigo volta a ameaçar as plantações de soja no Brasil. A chamada ferrugem asiática, doença de difícil controle causada por fungos, tem preocupado pesquisadores e produtores brasileiros. A praga, que causa prejuízos na ordem de bilhões de dólares ao agronegócio todos os anos, está desenvolvendo resistência aos métodos de controle usados no país. A pouca diversidade nos grupos de fungicidas disponíveis em território nacional é outro problema que, se não contornado, pode levar à uma epidemia da doença nas plantações nacionais, de acordo com os grandes produtores.

O fungo que causa a ferrugem asiática se espalha pelo ar e, em regiões com alta umidade na plantação, se hospeda como um parasita nas folhas da soja, consumindo nutrientes até que se fragilizem e caiam. De acordo com Claudine Seixas, pesquisadora da Embrapa Soja, as regiões centrais do país, que têm como vegetação característica o cerrado, são as mais propensas ao aparecimento da enfermidade, principalmente por conta das condições climáticas. No cerrado, sempre há chuva no período de safra, explica.

Para os produtores, a seca que atingiu o país até o início do ano ajudou a manter a ferrugem asiática sob controle na safra 2014/2015. No entanto a perspectiva de normalização na pluviosidade para a próxima safra, aliada ao baixo número de grupos de fungicidas disponíveis no mercado, aumentam a preocupação de que a doença volte a se espalhar pelo país. A gente já começa a perceber a perda de eficiência nos remédios que estão sendo utilizados atualmente, afirmou Luiz Carlos Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que existe um total de 22 ingredientes ativos de agrotóxicos registrados para o combate à ferrugem da soja, que formam 113 produtos para enfrentar a doença. Claudine Seixas explica, no entanto, que esses produtos estão agrupados em apenas três conjuntos de fungicidas, com diferentes misturas entre os vários ingredientes ativos, cada qual com apenas um método de ação contra a doença.

A preocupação é ainda maior porque, de acordo com o Ministério da Agricultura, não há previsão para a criação de produtos. Nesse cenário, cabe aos agricultores utilizar de forma racional as armas químicas de combater a peste, de acordo com Claudine. Claro que é uma fragilidade ter poucos grupos de fungicidas, mas cabe também ao agricultor usar o produto apenas quando realmente necessário, com o objetivo de manter a efetividade.